poesia, agora

quantos lamentos, tolices, heresias

e ali a poesia

e sofrimentos, crendices, ironias

e ali a poesia

isolamentos, faces, taquicardias

e ali a poesia

quanto consumo, anseios, mordomias

e ali a poesia

quantas vitórias injustas, tiranias

e ali a poesia

quantos invernos sem teto ou moradia

e ali a poesia

quantos verões em que pouco sol se via

e ali a poesia

e as tempestades, a chuva, a ventania

e ali a poesia

quantas carícias você me oferecia

e ali a poesia

quantos penhascos que eu nunca me atrevia

e ali a poesia

quantas virtudes que achava que eu teria

e ali a poesia

quantos abraços tão cheios de alegria

e ali a poesia

quantas verdades que eu nunca saberia

e ali a poesia

quantas mentiras que eu logo compraria

e ali a poesia

quantas histórias que eu disse que sabia

e ali a poesia

e os enredos de que me livraria

e ali a poesia

quantos disfarces marcados de euphoria

e ali a poesia

quantos receios do que aconteceria

e ali a poesia

quantas vontades, desejos, fantasias

e ali a poesia

e as incertezas daquilo que eu queria

e ali a poesia

e a realidade, onde é que aparecia?

aqui, na poesia

Aluizio Rezende
Enviado por Aluizio Rezende em 16/02/2013
Código do texto: T4142862
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