O DESTINO DA ROSA

Houve um choro: uma vida

Nascia ou renascia? Quem sabe,

-senão o próprio Criador?

Sugava o alimento

Boca rosada,

-mãos pequenas

No peito da mãe

Que, com dor em demasia

Cantarolava, sorria.

Olhos curiosos. Utopia.

Incenso de rosas

Dormia...

Berço que balançava

Mãos calejadas

Clamor.

Ao se abrir em plumas

Nevoas e flores

- Apreciava a leve paina

Deslizava voava

Ao soprar o vento

-na paina plena

Livre! Entrelaçava

-a pequenina

-sobre a cama.

Reconheceu o sol

Depois a lua

Após, aurora nua

Passos, ritmados

Primeira palavra

Atenua-se

Cala, encanta

Floresce a dança

Perpetua

Novas palavras surgem

Papel, lápis de cor

-magia e luz

Aproxima-se, revela

-rebeldia e pranto

-distância, desafeto.

Olhos chorosos, fúria

Desencanto

Força bruta.

Sonhos, velas, risos

Esvai-se a infância

Vem a luta

Amarguras, desventuras

Camarim sem teto

-solidão

Breu da noite

Alma escura

-visão

Esperança e revolta

Trança - combinação

Ser: ilusão

Valsas, versos, risos

Conduta pouca

-audácia

Vestes vermelhas

Cabelos caracolados

Peitos fartos

Paixões: migalhas

Agulhas: fornalhas

Momentos: poucos.

Rosas nascem

O sol nasce

A lua desce

Rosas pálidas

-morrem

Era hora do querer

Saber, buscar

Aprender

A arte ameaça

Seu sangue jorra:

- desejos

Sabedoria donde?

Ninguém sabe

Induz

Florestas ouvem

-seu murmurar:

-pensamentos

Soltos ao infinito

Mais ávido que

-as mãos

Atenta-se ao nada

Em seu santuário

-autarcia

Guinado de fel

Sonhos desencantam

-poesias

Dormem engavetadas

Os poemas vazam

-lábios negros

O futuro não chega

O ardor se espalha

-em promessas

Densas tardes

Noites tensas

-proezas

O chocalho soa

A criança ainda

-chora

Do peito da mãe

Não há lembrança

Apenas vida.

Amarguras tantas

Escorrem sobre

-os dias

Novos botões se abrem

Sobre o ar contagioso

-adormecem

Calados morrem

Sem lamúrias

-se vão

A cidade mudou

E as ruas acolhem

-seus segredos

O céu entardece

O mar esbraveja

-enredos

Cinzas colorem o ar

Os átomos não se

-cruzam mais

Uma criança vela

-curiosa-à distância

Frio está o corpo

O sorriso não regressará.

Não nessa Rosa.

limaodoce
Enviado por limaodoce em 15/02/2013
Reeditado em 15/02/2013
Código do texto: T4141374
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.