A valsa da dor - SEXTINA

Tanta coisa me falta, menos o passado

é uma sombra, me acompanha por onde ando

sangra a lembrança em todo lado

nos passos da valsa, com você dançando.

Já faz tanto tempo, porque não esqueço

vai ver que sofrer é um mal que mereço.

Pior que toda ilusão é a realidade, mereço

colher a dor quando o presente é o passado

o que é do destino quando o futuro esqueço

e o que vejo é só a solidão ao meu lado

sinto cada vez mais parado, e quando ando

volto naquele dia, com você a valsa dançando.

Em meio a multidão, só eu e você dançando

um momento lindo na vida que eu mereço

sempre lembrar, o começo e o fim de tudo, ando

e nada fica mais distante, só me esqueço

do antes e depois da dança, como se no passado

não existisse mais nada, em nenhum lado.

Vivo agora o outono, com um inverno de cada lado

por um caminho de pedras e espinhos ando

não há essência de cor, nem liberdade, o passado

é minha prisão, onde permaneço a valsa dançando.

O amargo do fel que absorvo, sim, eu mereço

por tentar sair de uma vida que não esqueço.

A tempo distante... é uma prova que nunca esqueço

será o fim de tudo, não ter mais paz ao meu lado?

A verdade de sentir a dor é a vida que mereço?

As perguntas me fazem sempre voltar ao passado

naquela noite em que estava com você dançando

num lugar que fora de luz e amor... agora ando.

Numa noite sem agitação e sem você... ando

Casa vazia, olho no espelho e a mim esqueço

tudo que sei ficou naquela noite... dançando

e realmente sofrer é um mal que eu mereço.

Sei que nunca mais vou tê-la ao meu lado

apenas tua imagem, que pertence aquele passado.

Chagas Neto
Enviado por Chagas Neto em 15/02/2013
Código do texto: T4140846
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