A valsa da dor - SEXTINA
Tanta coisa me falta, menos o passado
é uma sombra, me acompanha por onde ando
sangra a lembrança em todo lado
nos passos da valsa, com você dançando.
Já faz tanto tempo, porque não esqueço
vai ver que sofrer é um mal que mereço.
Pior que toda ilusão é a realidade, mereço
colher a dor quando o presente é o passado
o que é do destino quando o futuro esqueço
e o que vejo é só a solidão ao meu lado
sinto cada vez mais parado, e quando ando
volto naquele dia, com você a valsa dançando.
Em meio a multidão, só eu e você dançando
um momento lindo na vida que eu mereço
sempre lembrar, o começo e o fim de tudo, ando
e nada fica mais distante, só me esqueço
do antes e depois da dança, como se no passado
não existisse mais nada, em nenhum lado.
Vivo agora o outono, com um inverno de cada lado
por um caminho de pedras e espinhos ando
não há essência de cor, nem liberdade, o passado
é minha prisão, onde permaneço a valsa dançando.
O amargo do fel que absorvo, sim, eu mereço
por tentar sair de uma vida que não esqueço.
A tempo distante... é uma prova que nunca esqueço
será o fim de tudo, não ter mais paz ao meu lado?
A verdade de sentir a dor é a vida que mereço?
As perguntas me fazem sempre voltar ao passado
naquela noite em que estava com você dançando
num lugar que fora de luz e amor... agora ando.
Numa noite sem agitação e sem você... ando
Casa vazia, olho no espelho e a mim esqueço
tudo que sei ficou naquela noite... dançando
e realmente sofrer é um mal que eu mereço.
Sei que nunca mais vou tê-la ao meu lado
apenas tua imagem, que pertence aquele passado.