Preço da Verdade
"O universo ainda não parou por lhe faltarem alguns poemas mortes em flor na cabeça de um varão ilustre ou obscuro" Machado de Assis
Os dias, o passar da vida
me tiram a cor aos olhos
olhei o mundo de forma lúcida
e vi tudo tão simplório
Não me escorreram lágrimas
nem por isto entristece meu peito
sigo em frente com minhas rimas
que o mundo à mim tem feito
Já não sinto pesar-me os ombros
talvez tenha sido a verdade
jogando o peso aos escombros
junto a fútil vaidade
Viver de futilidade?
então que me carregue o carrasco
e com toda serenidade
façam de madeira meu casco
Que ao solo vá meu sangue
minha carne o solo alimente
que minha amada não se zangue
mas que se vá meu amor ardente
O preço da verdade não foi alto
apenas tirou-me da vida o apelo
não importa se ao abismo eu salto
ou se de minha vida tive zelo
Como dissera mestre Machado
mesmo que morra um poeta
este co' versos inda calada
o universo não cessaria a rota
E se tudo acabar simplesmente assim
direi que este foi um final feliz
pois sem chorar direi enfim
que tenho tudo que sempre quis
Em meu peito não há magoas
tampouco momentos de aflição
aqueles simples momentos na lagoa
que inda vive ao coração