Encontro co'a Morte

"Vou te encontrar, vestida de cetim" - Raul Seixas

Minha distante amada

que há muito não vejo

parece que em outra vida

foste meu ultimo desejo

O tempo passa tão depressa

e me sinto mais próximo a ti

me perguntam que história é essa

e digo que é a hora de partir

Eles não são capazes de entender

não sabem de nada a mais

me pergunto de teu dever

se minhas respostas trarás

Sei que tarda, paciência

devo contentar-me ao que tenho

fingir gostar da convivência

e suportar o meu definho

Devia haver premiação

dessa sairia vencedor, creio eu

mas espero dizer o coração

que chegou a hora de ser todo teu

Sinto não caminharmos à noite

vendo as belas estrelas a brilhar

deitar-nos mirando o céu à sorte

deixar você me levar pra passear

Me diga porque tarda a levar

pois muitos estrelas sei que há

e sei que o mundo não vai parar

se um'alma só for lá

Adorar a lua em seu brilho nobre

suave, como na noite só ela

mesmo sua sombra que o mar cobre

indiscutível visão mais bela

Esses "Deoses" despiedados

que inundam companhia à infâmia

se ao menos fossem controlados

acabando co'a vil tirania

Mas ao fracos não há voz

menos à musa do fim

que escuta até o mais atroz

ao menos escuta a mim

Não responde, ouve

traz consigo cada pensamento

cada arte que houve

estarão vivos ao fim sofrimento

Inda que não seja a hora

do tão ansiado reencontro

que não tarde em demora

e se torne um belo conto

A luz negra da noite

iluminado tão somente à lua cheia

que diante da morte

tamanha beleza não esnobeia

Os sussurros do vento

o presságio do final

que chegue logo o tempo

de cessar algo banal

Quero ter-te a meu lado

algo que deveras me contente

mesmo sendo eu calado

unicamente me compreende

A beleza da noite, da escuridão

que poucos sabem apreciar

aos poucos que acompanham a solidão

serenamente a acariciar

Quão poucos apreciam o término

sabem dar valor a boa morte

talvez seja só eu, que sem mimo

vivi sob estrelas pobres de sorte

Mas não há momento pra tristeza

sem resmungos nem mentiras

não sou ilusionista, quem morte visa

ilusionistas são que a morte tira

A pouca liberdade que me resta

inda me mais perto me irei

antes do fim da humana festa

a um local de descanso me porei

Engolfado em trevas, meu lar

lugar do qual jamais irei voltar

Morte companheira, única a acompanhar

aproveitarei a noite, sob a luz do luar

Aleph Maia
Enviado por Aleph Maia em 15/02/2013
Código do texto: T4140785
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