Fibra ótica

O poeta moderno não observa bailes nos salões

Não viaja nos navios

Com escravos

Nos porões

O poeta moderno nem sabe o que é firmamento

Ou armas de assinalados barões

Não conta histórias de amores trágicos

Nem lança no ar infindáveis gemidos

Os ouvidos do poeta moderno não ouvem e nem entendem estrelas

Também não discernem sob o luar o canto das sereias

O poeta moderno sofre do lirismo azulado da cibernética

Desafia a palavra, a língua

O poeta moderno brota do caos

Flor de metal

Verso racional

O poeta moderno tem fibras óticas em lugar de veias