dez dias
de cabelos negros
e olhos impenetráveis
estava lá
inexato fosse o tempo
de nossos últimos dias
e preces se validassem
mesmo sem mínima fé
faríamos tão pouco do destino...
encontrou um lagarto no meio do jardim:
- tá verde feito eu.
sem se saber sem cor
assim feito sonho de tantas infâncias
e deu um medo danado de sorrir
que apontou pela estrada
- o lado de lá da estrada -
a sombra mais inimaginável:
- tadinha, não abriga ninguém...
havia azaleias
um arbusto espinhudo
rosas rasteiras
troncos de orquídeas
e mais rosas
e um tanto mais de sombras
verdes
todas elas
estava indo
quando desistiu:
- não vingo dez dias
e ainda lindo
mesmo em se morrendo
mesmo que não conte
intermédio de amigo
elogio de irmão
mas Deus pode jurar:
estava lindo
morreu descalço
num sábado de folia
do lado de lá da estrada
debaixo de sete copas de sombras
que nunca abrigaram ninguém