A dor do velho
Vinte e quatro anos e uma dor de cabeça.
Tão jovem e tão desgastado.
Estive acordado em horas da madrugada
a tentar descobrir quanto
me falta para morrer.
Quase descobri, mas não tenho certeza.
Se for muito, saborearei cada momento
sem pressa de ser feliz,
cantando e dançando só quando der vontade.
Se for pouco, viverei intensamente
cada instante de alegria,
bebendo avidamente o suco da vida.
Picasso diz que é preciso muito tempo
para ser jovem.
Deixei o meu talismã pendurado.
Só vou tirá-lo de lá quando eu for jovem.
Dos dias que faltam nesse meu caminhar,
hoje é o dia.
Hoje estarei em pé diante
do meu sonho de anos a fio
E lhe direi poucas e boas
Mas sei quando eu fiquei velho.
Foi quando parei de sonhar.
Foi quando morri para a vida.
Daquelas vezes tinha sido só um alento
para continuar.
Dessa vez não.
Vi o que não se via.
Compreendi o incompreensível.
E essa dor que não passa...