Manifesto ignóbil
Pouco me importa
Se a rima é fraca
Se a musa é feia
E o poeta senil.
Não sei rimar
Não conheço a métrica
Não sei amar
Não permeio a ética!
Nunca li Florbela triste
Nem chorei com Augusto
Odeio os bordões
Não decifrei Camões
Não amei Amélia
Mulher de verdade
Currei a poesia vedete
Como Leila, cortei com gilete
Os pulsos da vaidade...
Sangrou pia abaixo
Meus versos sem sentido
E nesse ignóbil manifesto
Faço incesto consentido
Pouco me importa
Se a frase é a farpa
Se a poesia é a meta
Não sei rimar,
Nunca fui poeta!