Manifesto ignóbil

Pouco me importa

Se a rima é fraca

Se a musa é feia

E o poeta senil.

Não sei rimar

Não conheço a métrica

Não sei amar

Não permeio a ética!

Nunca li Florbela triste

Nem chorei com Augusto

Odeio os bordões

Não decifrei Camões

Não amei Amélia

Mulher de verdade

Currei a poesia vedete

Como Leila, cortei com gilete

Os pulsos da vaidade...

Sangrou pia abaixo

Meus versos sem sentido

E nesse ignóbil manifesto

Faço incesto consentido

Pouco me importa

Se a frase é a farpa

Se a poesia é a meta

Não sei rimar,

Nunca fui poeta!

José Benício
Enviado por José Benício em 13/02/2013
Reeditado em 13/02/2013
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