Preto Velho
Da casa coberta de palha,
Na janela olhando o horizonte
Quieto, aquele homem negro.
Confundindo a fumaça do Cachimbó,
Com os cabelos alvos valsando ao vento.
Vê apreensivo os búfalos invadirem o campo na volta pro curral.
Confere as horas no tempo,
Pois a justiça não chega além da política.
Entre as linhas das mãos onde amacia as cedas do seu entretenimento,
Velhas feridas curvam-se sem distanciamento.
São marcas da terra...
Quando enterra a semente;
Quando ergue a casa;
Quando colhe a mandioca;
Quando faz farinha na casa do forno.
E sendo um homem do povo...
A laço põe ordem no gado;
Para ter no duro a sua paixão.
Não conhece além da luz do candieiro;
Não conhece além do corrego estradeiro;
Não é de falar muito não.
Na terra faz das crias a sua trajetória;
Do quilombo a sua nação.
Nasceu do pó e ao pó volta sem qualquer invenção.