QUEM TEM O ‘REI’ NA BARRIGA 2
Quem se julga um sabichão
Quer ser rei, mas não tem trono,
Quem olha o seu semelhante
Com menosprezo e entono,
Planta semente de ódio
Para colher abandono.
Quem perde noite de sono
Só ganha envelhecimento,
Quem fica rico roubando
Emprega mal seu talento,
Por que quem planta tramóia
Só colhe arrependimento.
Quem bajula o avarento,
Pondo vinho em sua taça
Ou faz negócio com quem
Tem nome sujo na praça,
Tá plantando labareda
Pra depois, colher fumaça.
Quem renega à sua raça
É pobre de consciência,
E, ao menor abandonado,
Quem nega alguma assistência,
Está plantando omissão
Para colher violência.
Quem deixa alguma pendência,
Prejudica aos sucessores,
Pai que não corrige os filhos,
Caso sejam infratores,
Planta sementes de afeto
Pra colher cachos de dores.
Quem se junta aos malfeitores
Segue o rumo da prisão,
Quem espera loterias
Pra mudar de posição,
Planta sementes de sonhos
Para colher ilusão.
Quem gosta de exibição,
De arrojo e altivez,
Dar trinta mil pelo um carro
Que só vale uns dezesseis,
Semeando desperdícios
Para colher escassez.