Poética do Individual

I

O amor não é pra ambos.

Na verdade

é raridade ele ser à dois

(porque, geralmente, o do outro já morreu).

É ter arrancado o coração e não ligar de sangrar depois

é não ter medo do adeus.

II

Mas é que, por eu sangrar,

achava que alguém teria finalmente roubado o meu,

mas quem diria

que era só uma hemorragia!

Porque ele continuava ali,

tão mudo

não conquistado, não roubado,

não sofrendo nada e sangrando por tudo.

III

Difícil fingir

que um pouco de si

não ficou no outro

depois de tanto sangramento exposto

das veias até a raiz,

mas é assim

tudo que não se cura

vira textura

de alguma futura cicatriz.

SkyFolks
Enviado por SkyFolks em 12/02/2013
Reeditado em 17/02/2013
Código do texto: T4136817
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