Partos Poéticos - 2011

- Observação ideológica na capa:

A dissimulação não muda a sociedade. Só a sinceridade pode mudar a sociedade. Num mundo em que a dissimulação é o padrão, a sinceridade é considerada um defeito, uma doença, coisa de brutos, de insensíveis. É preciso um mundo em que a sinceridade seja o comum, e não exceção. Assim, a dissimulação será a exceção, e combatida e renegada, como infelizmente, é a sinceridade hoje.

- Produções até os 20 anos. MAIÚSCULO É TÍTULO, e as vezes, membro.

PÓSTUMO.

Tenho a mania,

De viver no futuro¹,

Lá encontro as minhas ideias.

¹Futuro é quando estaremos mortos.

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NATUREZA LIBERTINA.

O vento empurra,

A gente segura.

A gente empurra,

O vento nos deixa.

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PROCESSO DA SOLIDÃO.

Há tempos que estou só,

Antes só que mal acompanhado.

Enfim, entendi que a solidão...

É um processo de solidificação.

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MÁS GENERALIZAÇÕES.

Que mal há em ser traficante?

Todo mundo faz parte do tráfico,

Toda gente trafica alguma coisa,

Eu - por exemplo - trafico poemas, pensamentos,

Ideias, críticas, enfim, drogas lícitas.

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OUTRO PONTO DE VISTA.

As pessoas casam,

E fodem...

Depois se fodem.

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FANTASMAS INUCOISADOS DO PORTUGUÊS.

Fí-la carinho,

Pu-la no colo,

Comê-lo-ei-ia? Fodeu!

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ESTRANHO VAZIO.

Amo e detesto a solidão.

Se estou só, falta alguém;

Se tem alguém, sinto falta de mim.

O só também me completa.

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ROUSSEAU NÃO SABIA.

O homem nasce puro, a mulher o corrompe.

A mulher nasce pura, o homem a corrompe.

Nossa pureza, é só uma questão de concordância de gênero.

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LIVRE.

Medo não!

Consciência, sim.

Medo é para os ignorantes.

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SINCERICÍDIOS.

Quando alguém te quer como você não é,

Não te quer de verdade.

É um problema humano: amar imagens e não a realidade.

E pior, é a paixão colonizadora dos egos,

Quando querem transformar o outro na imagem desejada.

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MAIS COISAS.

O único destino que conheço é o do intestino.

Esperança? É um pato morrendo afogado na lagoa.

Felicidade? A princípio, é reconhecer a infelicidade.

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RELATIVOS DA DESISTÊNCIA.

O desistir é mal visto por muitos,

Mas desistência é também consciência,

Pra que insistir, por exemplo:

Em nunca sorrir?

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COMPANHIAS.

É fácil ter companhia, difícil é desejá-la por tempo indeterminado

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CONFUSO.

Mônada das incertezas:

Este pensar que transporto em mim,

Ou sou carregado por ele?

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PROCESSO POÉTICO

Pensa-se muito e saem como partos,

Depois de gestações mentais.

É por aí...

Que nascem as poesias.

Elas são Transformundos,

Por transformarem o mundo;

Uma coisa em outra coisa,

Um ver coisas noutras coisas.

Sentir o perfume de uma flor no lixo.

Captar a beleza de um instante qualquer,

E fazer da decadente solidão lindos versos.

Fazer do pequeno um detalhe imenso,

Ou reduzir o imensurável em algo mesquinho.

A poesia é essa transmutação,

Ela transforma tudo que toca.

A poesia é transformação.

É um Transformundo.

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A VIDA

É improviso,

É et cetera... Pena que obedece a ortografia e .

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TRANSCENDÊNCIA LINGUÍSTICA

Fiquei k, Não tinha aonde i.

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GENE

A covardia dizia: “Bom dia!”

A sociedade – então - sorria...

A hipocrisia nascia.

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HOJE

Hoje é o futuro do ontem,

Todo dia é futuro!

E você continua esperando,

Como se amanhã inda fosse futuro,

Como se agora não fosse o futuro chegando.

Hoje é sempre.

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QUEM SÓ CONCORDA, NÃO É AUTÊNTICO

Um dia, fora um,

Noutro, foi dois.

Hoje, perdeu a conta.

Outrora - faz de conta.

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DESAPROPRIAI-VOS!

Os cemitérios não deviam existir.

Cemitérios pra que? Uma mera estética de méritos?

Uma indulgência medíocre pelo além:

A capitalização da morte.

Um corpo vivo sente frio,

Enquanto um morto desfaz-se sozinho.

Sentimentos? Guardai o teu pó! O pó dos teus!

Que amor é esse que dispensa?

Que condena ao chão!

Terrenos bons desperdiçados,

Possíveis para ÚTEIS moradias.

Cremem-me, quanto menor, melhor!

Façam-me chaveiros!

Quanto mais leve, mais livre!

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FELIZES PARA NUNCA.

É possível ser feliz,

Exceto querer sê-lo.

É impossível ser feliz, Sem ser feliz.

Há muita ilusão no estar feliz.

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SER É UM PROCESSO LIVRE.

O amanhã não tem dono.

Eu estou sempre sendo...

Lendo e lido, relendo e relido,

Vivendo.

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RESIDINDO EM SI.

Compaixão daqueles que tentam residir em outros;

Pra mim, não cobro aluguel.

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AMOR DE PROJEÇÕES.

Há sempre uma impressão que nosso amor vai chegar,

E nunca chega... Não do jeito que a gente deseja.

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VIDA:

Viver e ver vir.

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ESCOLHAS.

A tristeza nos leva a pensar,

Pensar nem sempre nos leva a tristeza.

A felicidade não depende de pensar,

Às vezes, está exatamente quando não se pensa nela.

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SEXO.

Dentro e fora,

Não está nos dicionários,

Nem poderia existir com sucesso,

A acepção prática do sexo.

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DELÍRIOS.

E as almas solitárias saboreiam as mais cruéis sensações,

Das mais íntimas agonias às maiores loucuras cósmicas.

Estamos grávidos de nós.

Estamos presos no infinito.

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AMADORES.

Pra quem ama,

Um ponto é um mundo,

Uma vírgula: um caminho para o infinito.

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FELICIDADE.

É isto,

Não aquilo.

Sonha-se com o que não se tem,

Como se o que se tem não fosse um sonho do ontem.

E assim, o sonho nunca se torna a realidade.

A felicidade não é um ponto de chegada, é um ponto de partida.

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VIVENDO...

Quando descobrimos,

Que não somos,

Que estamos apenas sendo...

Começa-se o processo de evolução...

De ser ao amanhecer,

A progressão da noite.

O agora é constante.

É ser hoje o que se espera de amanhã, como ontem.

Hojnhã é meu dia.

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TAUTOLOGIAS.

Fundamentalista imbecil,

Fanático otário.

Isso é Pleonasmo.

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LADOS COMPORTAMENTAIS.

São ingênuos?

Sim! Os libidinosos contidos...

São devassos?

Sim! Os de timidez contida...

Ingênuos ou devassos,

O meio-termo é o legado!

Meio-termo é ser plural.

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CONSTATAÇÕES.

Um poeta sem amor,

É um raio sem luz.

Um poeta sem dor,

Nem sempre é um poeta feliz.

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“A ESSÊNCIA DE TUDO: OS NÚMEROS.” (PITÁGORAS)

Somos números,

RG's, CPF's

Nossa espécie,

Carimbada como bovinos,

Em trajes mais finos?

14364062-34

Prazer!

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NOZES.

Domingo, sozinho.

Chamo isso de: Quando estamos "nozes".

Nós: eu e vocês.

Nozes: eu e eus.

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CRESCER...

Crescer na vida é complicado,

Dos cm aos metros fica tudo mais sério.

Aí vem o paradoxo de crescer de novo,

Uns pra sair do esgoto,

Outros pra outras.

Mas que incógnita é crescer?

Mais que incógnita é crescer!

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HOMENAGEM AOS GRANDES.

Ao aprender sobre portas, sobre entrar e sair, teoricamente.

Disse ela: "Mamãe, qual é a porta pra sair desse mundo?"

Ou o garotinho que disse: “Por que o olho vê?”

Só eles que percebem que o sapatinho de cristal na história da Cinderela, deveria também voltar a ser o que era com o fim do encanto à meia noite, um tamanco velho.

“Porque Deus não perdoa o Diabo?” Disse outra criança.

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A ERA JURIS SEXUM.

Sexo era meio,

Agora um fim em si mesmo.

Antes procriação,

Agora reincidência só de excitação.

O problema é...

Criou-se uma espécie de tensão,

E os óvulos sedentos já gritam: "Quero pensão!"

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ACADÊMICOS HONORIS VITAE.

No fundo toda gente é graduada,

Quem não é Bacharel em dor?

Eternos Licenciandos em amor...

Quem nunca foi Mestre no assunto sonhar?

Quem não é Doutor - Ph.d na arte de querer?

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FUNÇÕES: AMOR E SOLIDÃO.

No íntimo de todos,

O amor duplica,

A solidão solidifica.

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SENTIR DIFERE DE VER E VIVER DE EXISTIR.

Vivo com a linha mais fina,

Com o abismo mais intenso,

Com o lixo mais luxuoso,

Pois de superficialidades, já temos as imagens.

Quem vive de beirada,

Morre sem saber a beleza da praia.

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PREDADOR HISTÓRICO.

Não são as armas que matam,

São os ditos feitos a imagem e semelhança.

O maior predador de todos os tempos,

Agente, réu e vítima numa trindade santíssima,

Os Humanos.

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EU E MEU CÃO.

Se o coração há de parar,

Que pare quando eu estiver só,

Só eu e este cachorro que carrego: a solidão.

Já está há tempos aqui,

Que nem sei mais quem é quem,

Porque esse cão guia-me também,

Eu e ele, nós - sozinhos nesse ir além.

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INTEIRAMENTE DIVIDIDOS.

Partidos amorosos,

Partidos indecisos,

Partidos políticos,

Partidos...

Vamos ser partidos,

Lá na fruta que partiu!

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AS COBAIAS.

Deus é uma empresa,

Uma pessoa jurídica e metafisicamente física.

Milhares de empregados sem salários.

Sóis escravos?

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DIAS DA SAUDADE.

No calendário,

Dia morre após dia,

Dia cresce a cada dia,

Mas há dias que não chegam,

Os que passaram e continuam lá.

IDADE INÉDITA.

Amor de jovem é overdose,

Não sei quanto aos de mais doses,

Mas os jovens,

É amizade!

É paixão!

É saudade!

É perversão!

É vontade!

É solidão!

Junta tudo - nesse pião da emoção.

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FATO.

Todo mundo morre,

Fisicamente sem exceção,

Uma regra não relativa,

Uma lei quântica,

Transformação inorgânica,

Não tem outra saída,

É o futuro da vida,

Um destino de fato,

A todo ser vivo,

Que vive,

Dentro do prazo.

Todo mundo morre,

Mas nem todo mundo vive.

A mais democrática: A morte.

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VITAE.

Eis a vida e seus acasos,

Fatos interpolados,

Paulatino ocaso.

E sente-se tudo nesta vida,

Exímios amores,

Efêmeras feridas.

E quer-se tanto,

Bastantes quereres,

Mas só pensar não move,

O elevador do viver,

Sem andar estático,

Desce e sobe...

Sentido não há,

Não palpável,

Intangível compreender o supra sumo do sabor.

Seja pra aonde for, hipóteses.

Viver são possibilidades - também.

É frequente et cetera,

Descasos e casos.

Atos e fatos,

Passos e passos.

Morrer...

Privilégio somente dos que vivem,

Ou domador do tempo: Faça tudo enquanto pensas que há tempo.

"Porque tudo que é vivo, morre."

Mas ninguém sabe,

Nada além do nada saber.

É Deus e o Diabo,

Consciência e inconsciência,

O bem e o mal,

Viver e morrer,

Quanta influência dualista,

Nesse mundo dividido por diminutas partículas,

Além até - dos saberes da metafísica.

É que a vida também é erro sintático,

Sujeito obscuro,

Reticências no predicado,

Até o acaso - ninguém - pontuar o suposto fim adequado.

E se o impossível não existe,

Ele persiste como todo gênio,

É só questão de prefixo!

E as utopias,

Que mexem o querer,

Mudam o mundo,

São sonhos impossíveis, irrealizáveis? Prefixos mutáveis!

Os utópicos transformam a mundividência,

Realizam o que nunca dantes houve na existência,

Sem utopia,

O progresso humano será seu exemplar - uma piada.

A vida também é um sonho,

Um flash,

Segundos na eternidade,

Lugar em que o tempo é uma ilusão.

Vida é a porra toda promovendo zigotos,

Sem equiparação - uma equação vazia.

É um dia qualquer,

Escrevendo - escrever poesia.

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NEÓFITO VERSUS BRASILÓIDES.

Lá, me viro com cara feia,

Falaro que eu tava...

Fodendo a Gramática.

Nem deitei com essa desgraça!

Aí, o brother deu a tal de síntese,

Papo reto,

Dizendo que a tal sintaxe,

Me denunciô.

Os homi de óculos e caneta na mão chegaram,

E explicaram que era engano,

Que era só eu complicano,

A regida Língua Portuguesa.

E eu com isso?

Sou brasileiro,

Falo a Lingua Brasilêra!

Né essa minha língua?

Nem fudeno,

Abandono a pátria minha.

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PARADOXOS EM MIM.

Queria ir,

Ao mesmo tempo,

Queria ficar.

Queria amar,

Ao mesmo tempo,

Queria ser amado.

Queria querer,

Ao mesmo tempo,

Querer em demasia é sofrer.

Queria ser,

Enquanto fui,

Sem saber.

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ICONOCLASTIA PESSOAL.

De noite, mais uma vez a sós,

Decidi matar-me!

Matar a imagem limitada de mim,

É que muitos me vêem de um jeito,

E esse jeito, indiretamente, corrompe-me.

Chega!

A liberdade renega parâmetros,

Não sou uno meus amigos,

Sou dor e amor, tristeza e saudade,

Amante e adepto da mutável realidade.

Não permita que a imagem que fazem de você, limite as pretensões do seu ser.

Largue as imagens,

Siga suas essências.

(2010)

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MEDIOCRIDADES.

Se não tiver dinheiro,

Então é feio.

Mas se tem dinheiro,

Não fica bonito,

Fica atrativo.

Não precisa ser lindo,

Nem feio,

Basta meio termo.

No entanto,

Não há grana,

Que faça do vazio,

Mero meio cheio.

Tenho pena dos secos,

Dos que não procuram as fontes,

Pra abranger horizontes.

O mundo é azul,

Qual é a cor do amor?

Tartarugas, onças e peixes.

Qual a cor do amor?

Por ventura alguém verdadeiramente o procurou?

Quanta imagem nessa gente vazia,

Que o amor não entra,

Só espia.

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FIQUE SÓ.

Antes só que mal acompanhado,

Dantes só que: livre-me do mal casado!

Antes só que esquecido,

Dantes só que junto, mas solitário.

Antes só que aprisionado,

Dantes só que com um amor vendido.

Antes só que abandonado,

Antes só que amar e não ser respeitado.

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POR HORA, ME BASTO.

Por vezes, é preciso desconsiderar os outros,

Recusar-lhes qualquer favor sobre como viver,

Nem se corromper com conselhos vinculantes,

Para sermos nós e só.

Às vezes, os outros nos querem...

Como experimentos de si.

Mas quem resiste bem,

Sem se iludir com ninguém,

Segue a si, basta-se como bastante.

Além do mais, já somos demais...

Os solitários são multidões.

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DOU-TE A OUTRA FACE!

Deusa,

Crista,

Espírita Santa,

Onde está esta Trindade?

Machismo histórico.

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FALTANDO UM PEDAÇO.

Que alguém me resgate de onde estou,

Nesse lugar onde o brilho nunca brilhou.

Que alguém me lembre que a vida persiste,

Nas células também de um ser triste,

Que alguém me chame de meu amor, de qualquer coisa...

Mas não me deixe à toa.

Que alguém me ame por um dia,

Só pra eu saber se é falta a minha agonia,

Que alguém me esqueça,

Pra eu saber que alguém se lembrou de mim.

Que alguém me chame de meu amor, de qualquer coisa...

Mas não me deixe à toa.

Eu só quero alguém, alguém pra amar.

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SONHEI COM UM MUNDO NOVO DE NOVO!

Desconfie do que é bom e do que é ruim,

Já nem sei o que faz mal e o que faz bem,

Sei não que Nietzsche não faz mal,

Schopenhauer é vendaval,

Para além do Bem e do Mal!

Já bebi do existencialismo,

Da criticidade do seu lirismo,

Fui cúmplice de Dostoiévski,

Em suas obras de overdose.

Acompanhei as vodkas de Maiakovski,

E a lucidez excêntrica de Bukowski.

Andei com as gerações marginais, tão loucos e fortes!

Brindei com Leminski à vida de James Joyce,

Chorei! Pois não abracei Jimi Hendrix,

Nem beijei Janis Joplin,

Lá... Em Woodstock.

Tantos livros na estante,

Nem todos são importantes,

Nélson Rodrigues, Quintana...

Tantas almas suprahumanas.

Corri pelado pelos telhados,

Lendo Rajneesh Chandra Mohan Jain,

Aprendi com Jiddu Khrisnamurti e o filósofo Jun Fan Li,

Que a revolução está dentro de si.

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JUNTANDO PEDACINHOS.

Sozinho, contigo.

Juntinho, comigo.

Andando, por aí.

Vivendo, o viver.

Cuidando, de mim.

Pensando, em você.

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SARAVÁ REALISMO!

Do vão otimismo,

A ação se esquece.

Do vil pessimismo,

A chance falece.

Do cruel realismo,

A gente cresce.

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DESARMONIA.

Uma borboleta,

Pousa na lixeira,

Voa novamente,

Entre muros de concreto,

No Metrô.

É como um rinoceronte,

Passeando na cidade.

Pousou no trilho,

Ficou tatuada.

Adeus!

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MELÔ DAS NECRÓPSIAS.

Os frontais,

Arrancados por serras manuais,

Os esternos,

Extraídos por legistas nem sempre sérios,

Uma agulha e linha,

Traça-se a linha,

Um caminho sem volta,

Do abdômen ao tórax,

Pessoas mortas.

E o podão, quem gosta?

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ÚLTIMA CEIA.

Quando se fores,

Onde levará teus ouros?

Se vossa carne, não é competente,

Nem mesmo para sustentar teus ossos.

Se você desmanchará em si,

Como um sorvete ao sol.

Como teu cérebro, tão útil agora, federá!

Tanto mais que diarréia.

Ah, se vós soubésseis...

Que somos tão animais como os outros da selva.

Se vós soubésseis...

Como ficam vossos corpos, na última ceia do necrotério.

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ANATOESIA.

Compaixão da dura-máter,

E do pericárdio,

De um poeta.

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DE QUATRO.

Uma mulher,

Levando a criança,

Pra lá, pra cá...

Uma bela mãe e seu eterno fardo,

Mas que bom seria esta mãe,

No meu quarto...

Obs: Mãe solteira. [Risos]

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DOIS PÓLOS CONSEQUENCIAIS.

As minhas lágrimas,

São outrens sorrisos,

E meus sorrisos,

Têm muitos choros.

A alegria de um,

É a dor do outro.

Inspiração: Schopenhauer.

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SONHANDO COM AS MANHÃS, TODAS AS NOITES.

Na mais crítica das horas,

A solidão que interroga,

Um café bebido às cegas,

Uma fome que não cessa,

Inquietude severa.

Pelas noites,

Tantos ficando à espera,

Outros procurando às escuras,

Os sonhos e suas agruras.

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CANSEI.

Cansei dessa massa que interpela amor,

E quando amados, não dão valor.

Cansei dessa gente que só quer alguém pra dizer que tem,

Dizem assim: "Olha, aquele (a) ali, me deu cantada também!"

Cansei de planejar cenas de cinema,

Pra quem esnoba, sem nem conhecer o tema.

Cansei dessa massa fraca e confusa,

Antipática, ingrata e latente,

Dessa gente que finge ser gente.

Cansei dos atores da amizade,

Da apenas sensação de felicidade,

Diz-me, quando tu foste feliz?

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PÉROLA NEGRA

Que saudade do teu abraço,

Do teu sorriso, engraçado...

Da tua voz, canto plácido.

Que saudade de tu, dama de vermelho!

Daquela moça linda,

Que me ensinou tanto, e ainda...

Nem sabe o quanto,

Foste pra mim.

Presente, futuro e passado,

Encontro no tempo espaço,

É que você foi, certeza!

E foi-se, com a vida,

E é, princesa!

Que vida essa, intensa...

Cada rotação que passa,

Construindo poemas,

Nossas vidas vividas,

Como todas, com frívolas intrigas,

Rancorosamente esquecidas.

Lembro-me de algum espectro:

"Onde é possível desatar, não corte."

Você pode ir meu bem, a qualquer lugar,

Minha mente não mente, contigo estará,

Uma vez conquistado, prazer em amar,

Não te ofendas, se acompanhada estiveres,

É que esse ser, poeta sem impostos,

Não esquece os amores, verdadeiros...

Auxilia nas dores,

Não deseja mal, só flores,

Como pra mim, fostes.

Amo-te em verso,

Quantum romance sem fim, pra mim,

O progresso em retrocesso,

Se eu posso, e espero...

Poder pedir algo, peço...

Não duvidas, tudo é sincero.

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EU, VOCÊ, NÓS DOIS.

Desconhecidos; somos do mesmo jeito.

Possibilidades; temos nas mesmas proporções.

E se...

Tudo pode acontecer.

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"SE ALGUÉM PERGUNTAR POR MIM, DIZ QUE FUI POR AÍ..." ♫

Há dias que estou escuro,

Hermético.

Tão sério, que fico mórbido.

Não desejo sequer ver,

Quem sempre espero.

Negro na noite,

A noite desabou em mim,

Cabeça a baixo.

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DEVIDO PROCESSO JUSTO.

Quem me dera,

Julgassem como sou,

Não pelo que acreditam,

Mas pelo que são.

Não pelo que pensam,

Mas pelo que faço.

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LONGE AQUI.

O que quero dizer, não encontro.

E não dizer, não explica.

Isso certamente implica,

Na omissão da declaração,

Mas que fazer?

Se na linguagem há limitação,

Mas você pra mim, não.

E nesse dizer não dito,

Rogo pra que tenhas entendido,

Que nossa saudade, início e meio extrínseco,

Vale mais que mil textos escritos,

Por que textos esvaecem, alteram-se.

Até plagiam-se, pois são meros versos,

Mas meu querer não, durará nosso eterno.

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OUTRO EM MIM.

Eu, escrevo pra uma alma triste,

Que como eu, persiste...

A sonhar que em algum lugar existe,

A metade que nos inexiste,

Ou o inteiro que nos felicite.

Escrevo, e até suspiro,

Falta-me o ar com esse desejo contido,

E não há valor justo se fosse vendido.

Resisto assim, e pela tristeza não sou vencido,

Sonhando nalquem que sonhe comigo.

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AURORAS NEGRAS.

Ando eu e a morte,

Porque a vida é tão leve,

Que nem a sinto, sinceramente.

São momentos,

Tempos presentes,

Que são tristes assim,

Mágoas sem fim,

Como se eu fosse a própria morte,

A espalhar desprazer,

E escuridão.

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OS HUMANOS SARDINHAS.

Enlatados...

Sempre julgam seus gostos como melhores - etnocentristas.

Gosto pequeno tem quem não vive.

Aliás,

Há pessoas com gostos tão miúdos,

Que já não têm gosto.

Gosto se expande, se definha, é agonia.

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EU TE.

Eu te quero,

Não por dever,

Mas porque a liberdade de ser,

Deseja estar com você.

Eu te quero,

Além do bom entendedor,

E se houver dor,

Que seja por amor.

Eu te quero,

Porque embora eu ame tantas coisas,

Só o teu amor,

Faz-me sentir a placidez do vento.

Eu te quero,

Na cama fazendo amor,

E no calor do teu corpo,

Perder-me sem pudor.

Eu te quero,

Sempre mais e adiante,

Assim, instante constante,

Amando no impossível bastante.

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FUGIR DE MIM.

Meu corpo,

Não está bem,

É que minha alma quer fugir...

Pra te encontrar por aí.

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NÓS - TUDO NO ENQUANTO.

Nós demos um sentido diferente ao sempre...

Sempre pra gente, acaba.

Mas se sempre é sempre,

Não há sempre entre nós,

Nem eterno.

Então, pra que um amor pra sempre?

Se pudermos ter um amor enquanto...

E se possível, tanto!

Que nem importe o tempo.

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JUNTOS.

A ação pode dissociar-se da intenção,

O amor, da paixão,

O sexo, do love,

E eu, posso dissociar-me de você,

Mas não quero.

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VISITAS.

E quando aviso,

Dizem: louco!

Quando apareço,

Espantam-se!

Que sois vós, presidiários de sonhos?

Às duas da manhã,

É hora de ir!

De juntos sorrir,

De abraçar a quem se quer,

De beijar a quem se pode,

De ver estrelas num teto qualquer.

O tempo é de que quem gosta,

Não pra quem conta.

(Dez/2010)

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MORCEGANDO.

Sinto-me um morcego,

Vagando solitário na noite,

As paredes não ecoam sossego,

Não há orgasmos, nem aconchegos,

Só uma rede de espaços sombrios,

Uma varanda cheia de frio,

E eu morcego noturno,

Sem companhia, mordendo o futuro.

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VERDADE PURA.

Conhecemos um átomo,

Desconhecemos um universo.

E não há tinta que pinte,

O tamanho das nossas incertezas,

E nem há verniz que eternize,

As nossas supostas certezas.

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AMAR É UMA ARTE!

Tem dias que pinto,

Às vezes componho,

Na noite, um quadro medonho,

Afogo-me em sonhos.

Será arte?

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VAMOS SORRIR!

Vamos sorrir!

Do inferno cotidiano que nos atordoa,

Da língua sedenta que nos apregoa ao passado,

Destes vermes que nos consomem dia-a-dia.

Vamos sorrir!

Dos dejetos atirados em nossa janela,

Do caos que acha que faz jus a nomenclatura Caos!

Vamos sorrir!

Sorri daqueles que choram,

Perdendo tempo nos cárceres pejorativos da emoção,

Sorrir de tudo, pois sorrir é mover os músculos,

E mostrar que é relativo o próprio absurdo.

Vamos sorrir!

Por que chorar é papel dos céus com suas chuvas!

Sorrir da dor que é cega, não vê quem pega.

Muda, pois não alerta.

Surda, não escuta lamúrias.

Vamos Sorrir!

Sorrir da mentira que saudade não mata,

Sorrir da verdade que a saudade tatua,

Sorrir da face que é tua.

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DESVIRTUADOS.

Pessoas que perderam o senso de estima,

E expõem só o prazer de ficar por cima.

Se tu dizes que farás a terra tremer,

Logo contrapõem alegando: Tu és Deus?

Pra que dizer? “Não fique louco!”

Se tu podes dizer: “Que a loucura glorifique-o!”

Pra que dizer? “Você não consegue!”

Se tu podes dizer: “Demonstre-me!”

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DE MUITAS SOMBRAS CRESCE UM HOMEM DE LUZ.

A vida não perdoa... Só ecoa,

A morte é perfeita... Não erra.

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ABSTINÊNCIAS.

Prezo pelo caminho de certas abstinências,

Entendo optar por um caminho em ascendência,

Pra que querer aquilo que não me acrescenta?

Abstenho-me das pessoas fúteis,

Das suas prolíferas demagogias,

Dos sucessos enquanto ilusórios status.

Somos viciados em ilusões desde que nascemos até despertarmos.

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CONDE DA BOA VISTA.

Quantos dias,

Quantas noites,

Indagando.

Procurando contemplar luares,

Na varanda de um 7° andar,

Quantas perguntas deixadas no ar.

Minha historia acima das arvores,

No contemplar de Olinda,

Ao ver o mar, a luz do sol distante,

Onde sonhei... Decepcionei-me.

Quando quem lê não entende,

O quão importantes são estas palavras.

Na imensidão a qual queria,

Por toda ela desfrutar,

Na lembrança...

Em cada olhar, um eterno arrepio frio,

Nesse lugar onde escrevo,

Onde meu eu que faleceu, por aqui passou.

Está escrito na memória,

Permanecerá na mente,

Nos dedos - que hoje e sempre - se erguem pela vitória.

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TAMANHO.

Maior que a minha dor,

Só o meu ausente amor.

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REFLEXOS.

Quando eu te vejo,

Os olhos não perdem o ensejo,

Brilham... Sorrindo!

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POR AMOR.

Eu,

Com a pureza das poesias,

Assassinado!

Por uma flor,

Que se dizia amor.

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MAS AMOR,

Se acaso você decidir partir,

Seja nobre,

Não volte!

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TANTAS COISAS.

Eu nunca vi coisa mais linda que você,

Nem coisa mais doce,

Nem mais atraente,

Nunca sequer vi tantas coisas em alguém,

Tantas coisas que só vejo em você.

Coisas tantas que pra mim, são vitais para ser.

Essas tantas coisas nunca dantes vistas,

São coisas do amor, que só você despertou...

Como uma lua que há noites escondia-se,

Surgi como admirador, já amante do teu ser.

E minhas coisas encantaram-se com tuas coisas,

Por que nunca vi coisa mais linda que você.

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EU, O PAPEL EM BRANCO E ELA.

O quarto sou eu.

Brinde sem copos, lembranças!

Amanhece o dia, e eu, permaneço noite.

Desligo a música,

Só o som do ventilador, inexplicavelmente, parece aceitável.

A solidão ou talvez carência,

É o som mais alto, estridente entre os dentes,

É ela? Indago em pensamentos:

O cálice dessa cruel dissipação com o bem estar?

Onde haverá o onde sem solidão?

Transcender-lhe ainda é insucesso,

Enfrentá-la nos dias de ápice é guerra!

Vivê-la, como se morrer fosse presumidamente pior, quem saberá?

O último cigarro apaga, era a única luz.

Tento seguir a fumaça, mas nada.

Fundo do poço? Talvez, pelo menos permaneço sóbrio.

Há sempre mais!

Meus dilemas psicológicos,

São nossos,

Nossos claustros cobertos por massa modelar.

Será a arte a inversão de tudo?

O conhecimento; a solução do mundo?

Algo humano é pleno?

Fazer faz parte,

Amar, não se sabe...

Esperar, já não é felicidade.

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ETERNO DURA ENQUANTO SE VIVE.

A vida é.

Isso é tudo.

A vida vive,

A vida morre,

No mesmo instante.

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MUDAR É TUDO QUE POSSO.

Canto porque quero gritar,

Grito porque quero explodir,

Explodo porque posso mudar,

Mudo porque posso fazer,

Faço, pois não basta pensar.

Você vai sentir,

Tão difícil é mudar,

Querer ser,

Além do que se é.

Você vai perceber,

Quantos existem em você,

E quantos você existem por aí.

E pra ser você,

Você tem que abandonar todos eles,

Inclusive quem você pensou ser,

Abandonar tudo,

Ficar livre,

Livre para ser.

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INFINITO É O NÃO MEDÍVEL EM VIDA.

É a comida que fica,

De uma fome perdida.

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INÍCIO.

Sou um ateu místico,

Um cristão autoexcomungado:

Católico destituído,

E protestante liso e pacífico.

Um budista leve, omisso,

Humano, transeunte vivo,

Para alguns: um perdido,

Pra mim: sou o início.

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TRAINDO TRAIDORES.

Antes que eu fosse,

Esqueceram de mim.

Agora que vou,

Não levo ninguém.

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NA SOMBRA, UM CORPO DE LUZ.

Enquanto eles fogem da escuridão.

Ausento-me do clarão,

Clarividente ilusão.

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MORTECÍDIO.

Qualquer morte,

É um tipo de suicídio,

Alguma coisa sempre desiste na gente.

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TRAIÇÃO VERBAL.

Quem diz que namorar,

Não interfere em estudar,

Está traindo um dos verbos.

A infidelidade vai além dos sexos.

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ENTORPECENTE.

O amor pode ser droga,

Vicia quando se tem,

Enlouquece a ausência,

Faz mal ou não, depende de quem.

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HELENÍSTICA MODERNA.

Coliseu, Gladiadores, pão e circo!

Futebol, jogadores, TV e bares!

Circos e campos...

Pães aos jogadores,

Placebos (Ilusões) aos torcedores.

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NADISMO.

Hoje estou de luto literário,

Não sinto vontade de escrever,

Sinto-me já inscrito,

Sintoma indescrito.

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ENCAIXES TRANSITÓRIOS.

Não somos a solução de muitas carências,

Mas podemos ser os melhores paliativos.

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CONVENÇÕES INSTINTIVAS.

Mulher de conhecido, quando gostosa...

É tortura toda hora:

Disfarça-se quando olha,

Não olha quando pensa,

E quando pensa...

Perdeu aquela imagem formosa.

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A MULHER.

Não é só o corpo de uma mulher que retrata a sua grandeza,

Mas suas atitudes e sua mentalidade.

Não são só belos olhos de cor distinta,

Mas olhos com harmonia.

Não é só uma sensual e inefável boca,

Mas sim uma boca com ternura.

Não é só uma beleza pura,

Mas beleza com simpatia.

O que foge disso,

Torna-se ridículo.

Qualquer homem devia saber disso.

E as feias, que não me perdoem, mas procurem a compaixão de outros feios.

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JORNAIS AMBULANTES.

As pessoas contam a vida,

Contam de noite e de dia,

Contam a dor e a alegria,

“Fiz, foi, assim, sabia? "

E os que ouvem à toa,

Fingem que se interessam,

E esperam, pra falar também.

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CENAS.

Dá-me tuas mãos,

Sedentas de carinho,

Contidas de pudor,

Clamantes por amor.

Olha-me assim com teus olhos, despidos...

Puros e inocentes,

Belos e incandescentes.

Abraça-me com força,

Feito uma fã louca,

E pensa que sou teu, cada grama...

Basta!

Não precisa dizer que me ama.

Só é preciso você manchando minha vida,

Do seu belo drama.

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RETRATOS.

Digo em vão que vivo de amor,

Se no real amor não tenho.

Iludo-me na perplexidade,

Daqueles que alegam encontrar a felicidade.

Não vivo triste e nem poderia,

Pois não perdi qualquer tipo de alegria,

Vivo talvez numa possível sintonia,

Entre o desespero e a euforia.

E toda manhã, insisto.

E toda tarde, canso.

E toda noite, penso...

Com o coração vazio e a mente cheia.

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MORTE INEFICAZ.

Estranho morrer no pesadelo alheio.

Quem dera morrer fosse sempre assim,

Sem se saber,

Sem se sentir,

Sem perturbar quem morre.

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CONFESSO.

Não sei como peço,

Não cabe em verso,

Matem-me, urgentemente!

Seu ficar sem amor...

Façam-me esse último favor.

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FREE LOVE,

É amar quem quer ser amado,

E ser amado por quem quer amar.

É amar sem exigir,

Sem amarrar-se,

Sem posse,

Sem ciúmes,

Sem mediocridades,

É uma putaria como dizem,

Mas ela é sublime, não vulgar.

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SOLIDÃO.

Eu vim cantar para os solitários,

Vim dizer que sei o que é passar a noite em claro,

Perguntando a si se há algo errado,

Olhando pro espelho que reflete o vazio do lado.

Você vagueia a noite inteira procurando razão,

Fica de bobeira, idealizando uma paixão!

Senta em algum lugar, filosofando a emoção.

E você nota que está só - só você e outro mundo.

Você diz que quer alguém, diz que sim! Diz por que não?

Você pensa em fugir, diz que está em depressão,

Já não agüenta ouvir os conselhos conformistas!

Pensa em sexo pra sentir resquícios do que é vida.

Já nem sabe discernir o que é amizade, o que é amor.

Já acende velas pra jantar com a parceira que é a dor.

E já na cama, a sensação que o abandono abraçou!

A saudade já nem lembra, de quem foi que a gente amou.

É a solidão... Processo de solidificação!

29.12.2009

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"SER OU NÃO SER, EIS A QUESTÃO."

Como viver?

Sofrer ou sofrer?

Quem é você? Quem vai saber?

Quem devo amar?

Ou deixar pra lá.

Será que você quer saber?

Será?

Pra que insistir em sofrer?

Em ser alguém que não ser quer.

Por que sonhar? Para que?

Se não muda quem você é.

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DILUIR-SE EM AMOR.

Todo mundo ama e ninguém sabe o que é o amar,

Toda gente vive sabendo que vai morrer,

Todo mundo morre sem saber o que é viver.

Será que existe alguma coisa além do bel prazer?

E se o inferno for o céu que você não quer crer?

Mais importante mesmo para mim tem que saber...

Amar!

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AGORA.

Você tem que ir atrás,

Sonhar não basta mais.

Você está no aqui, no agora,

O resto não importa.

Você precisa viver nova-novamente!

Sempre novas mentes!

Quando vezes você negou,

Uma chance, um lance qualquer.

Estúpidas comparações!

Fazemos...

Com o passado que temos.

Com o passar do tempo.

Quantas vezes você sonhou,

Com aquilo que foi,

Ou a esperança infeliz do amanhã.

Estúpidas projeções!

Com o futuro absurdo, subterfúgios!

Você precisa viver novamente!

Sempre novas mentes!

Incandescentes!

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NÉ ZÉ?

O mundo está sendo. Não é Zé?

A gente está sendo... Não é Zé?

Pois o mundo não é!

O herói da classe trabalhadora!

A working class hero!

Um mendigo!

O humano é tão ingrato, né Zé?

Dá um dedo e quer um braço, né Zé?

Servir ninguém quer!

Pai carrasco é um saco! né Zé?

Quem cria não dá trabalho, né Zé?

Filho sempre é culpado, né Zé?

Filhos querem sindicato.

Eterno dura enquanto se vive, né Zé?

Largar o passado é ser livre, né Zé?

Vaidade é tolice.

Né Zé? Sou Zé! Ne Zé, sois Zé!

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MÁGOA FEMININA.

Por mim tanto faz,

Não vou mais atrás,

Das suas promessas,

Enormes roubadas.

Não sei por que quis,

Ideia infeliz,

Ouvir tua cantada,

Desqualificada.

Vê só como é,

Uma forte mulher,

Frágil... Pra ser magoada,

Bastam falsas palavras.

Pra que se render?

Só tenho a perder,

Seu eu ficar nessa estrada,

Desamparada...

Adeus...

Adeus pra você.

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DESILUSÕES.

Já cansei de esperar e até... Esqueci de mim.

Ultimamente, eu ando tão assim, querendo tanto e tendo pouco enfim.

O que fazer se você não vem?

E quando vem, parece outro alguém.

E sendo assim, aspiro muito mais,

Desejo um amor distinto dos demais.

Eu me pergunto, se isso é amor?

Ou uma viagem ao inferno da dor...

Em que linguagem está o amor?

No devaneio ou no silêncio de uma flor?

Eu já nem sei, o que quero; o que sinto; o que espero.

O sonho eterno,

De ter um amor sincero.

Eu quero ter você pra mim, como eu já sonho enfim.

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INFINITO ETERNO E O PASSADO.

Eterno é o que dura enquanto se vive,

E largar o passado é ser livre!

Eterno é o agora mutável,

Eterno interno.

02.07.2011

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EU.

Buscando em mim,

Sempre! Por eus e nexos sem fim.

Poesia em prosa,

Posta na mesa,

Sou vencida derrota.

Estou no espaço;

Entre o destino e a porta.

Fora de mim,

O eu,

Que me descobre.

04/07/2011

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REMEMORANDO.

Lembro dos cachos,

Negros cabelos a bailar no vento,

Presos em meus pensamentos.

Lembro dos abraços,

Enlaces íntegros,

De puro sossego.

Lembro,

De tardes que seriam vazias,

Se não fosse a tua companhia.

Não esqueço,

Nem mesmo o olhar de censura,

De ciúmes à toa.

Muito menos o teu olhar de ternura,

Infinita fuga.

Lembro dos teus beijos,

Lábios de segredo.

Quão doce era encontrar tua língua,

Entre dentes de desejo.

Só não lembro,

Como ter uma madrugada,

Sem pensar em você.

07.07.2011

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DESASSOSSEGO.

Todas as propostas de amor que fiz,

Foram-me negadas.

Todas as portas que abri,

Foram para nada.

Se há amor nesse mundo,

Ele virou-me a cara.

Que fiz pra tanto?

Se desamor,

É dor,

Se vagabundo,

Sinto-me sem mundo.

Sossego?

Quem sabe, consegui-lo-ei em meu enterro.

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LUCIDEZ.

Acordado, sonhava seus sonhos. Não estaria dormindo?

07/2011

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O TEMPO ENQUANTO.

Imaginar o futuro é criar coisas que a realidade do presente não comporta, tanto é inacessível que o futuro torna-se o presente sem suas falhas percebíveis.

Quem diz que nasceu na década errada, na verdade, ainda não nasceu.

Meu caso é outro,

É que me perdi da minha década,

Perdi a porta do meu século, Estava até então - dormindo.

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PÁSSARO,

Homem,

No meu voo,

Um instante,

Nos ares,

Tão possível,

Só a morte é relevante.

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MEDOS.

Medo?

Dome!

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A²E! (ALIENADOS DO AMOR EGOÍSTA - DOMINADOS PELO EGO)

Sem você,

Fico desconexo,

Com você,

Desejo ainda mais você por perto,

Mas nunca encontro o equilíbrio certo.

Você é minha trilha,

Tento ser sua paisagem,

E nada mais me interessa,

Só você me completa.

Dizem que sou egoísta,

Porque te quero só pra mim,

Mas que posso fazer?

É incontrolável esse fim.

Se te tenho, fico contente.

Se me deixas, enlouqueço,

Finjo que não, penso que não,

Mas faço por você e com você tudo aquilo que hoje julgo que não.

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LIVRES.

Quem voa,

Quem é à toa,

Pisa no céu,

Discorre o branco do papel.

10/2011

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FOREVER ALONE.

É!

Fiquei transcendente.

Desisti das coisas mesquinhas da vida,

De satisfazer as ilusões da vaidade,

Ou contribuir com a mediocridade.

Prefiro a solidão,

Do que se aliar ou ajoelhar-se a ignorância.

Antes desiludido,

Do que viver sonhando, inconscientemente.

24/11/2011

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MULHERES.

Há corpos que são só corpos,

Onde egos fazem-se no ócio.

Há corpos além dos corpos,

São diamantes de irredutíveis brilhos.

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NA METAFÍSICA DO EU,

A única coisa que permanece em sou é mim.

Meu alicerce é vazio,

Meu limite não cessa,

O vazio não se desintegra,

Ele é vida, é vento que nos leva.

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INQUILINO DO ALHEIO.

Eu estive preso,

Como a imagem num espelho.

E agora sei,

Que pra muitos mudei,

Fiquei mais isso, menos aquilo,

E nem me interessa tanto,

Pois não sou santo,

E muito menos estátua,

E quem me quer fixo, quer-me morto!

Melhor estar solto,

Do sonho que desejam,

Pra ser a realidade que se vive,

Assim,

Deixo tudo,

Pra ser o possível.

13/03/2012

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MARIA,

Santa ou adúltera?

Ninguém me tira essa queimadura.

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SONHAR É SOFRER,

Só se sonha com algo que não se pode ter de imediato.

Desejo nem sempre é sonhar,

Às vezes o desejo é mais que imediato,

É presente,

É um cheiro,

Um abraço,

Um simples olhar.

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AUTÔNOMO.

Ando sem tempo pra ouvir o que os outros dizem,

Muito menos pra dar importância ao que pensam,

É que no fundo, não sei o que desejam pra mim,

Se é que sabem,

Se não sabem muitas vezes nem pra si próprios.

Mas bem sei o que preciso,

E estou cumprindo,

Sem estar indeciso.

Quando os ouvia, preocupava-me.

Quando seguia recomendações, arrependia-me.

Hoje, sinto-me múltiplo,

Ninguém mais digno do que eu para ser eu.

Os outros que me aguardem,

Ou deixem em paz de uma vez.

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A VIDA É PROPORCIONAL A QUEM VIVE,

Pequena para os pequenos,

Imensa para os imensos.

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Partos Poéticos

(Transformundos)

Autoria: Smadson Lima em 2011, seleção de poemas produzidos até os 20 anos.

Agradecimento:

Agradeço a mim e a quem por merecimento, mereça.

Dedicatória:

Ao leitor.

Dedico a nós – ontem e sempre – animais.