Piedade ao Poeta

"Junto às ondas do mar a virgem durma" - Alvares de Azevedo

Minha dama, mi' donzela

Minha musa tão amável

por que tu teve de partir

e deixar-me miserável

Inda que aos prantos rogue minh'alma

de teu sono eterno não tornarás

enquanto em lágrimas afogo o peito

minha donzela descansa em paz

O mármore negro marca o portal

um caminho ao reino astral

o caminho pra meu lar

dizem que o lar onde bate forte o peito

local onde ao fim da vida deseja o leito

um local que se pode amar

De mentiras afoguei o peito

qualquer lugar pode ser meu leito

sem remorsos à levar

que as trevas me negue a luz

que só os tolos deixa que conduz

ao caminho de amar

As nuvens negras da tempestade

que só se deslumbra sem vaidade

alimenta minha mente

à suas regras sou o pecador

nas leis d'outros, merecedor

de ter paz ante a serpente

Criatura vil, a maldição

a doença do coração

que no fim há de levar-nos

a outro mundo, talvez

paciente, espero a vez

de no fim alcançar-nos

Que os anjos te guarde

e que tu me aguarde

pois o amor é de verdade

mesmo sendo eu pecador

um poeta, tolo e sofredor

hás de me ter piedade

Aleph Maia
Enviado por Aleph Maia em 10/02/2013
Código do texto: T4132843
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