PARADOXOS

Ouço uma música triste

Já sem dor, sem rancor.

Ouço uma música triste

Na madrugada fria

Neste chuvoso verão.

Ouço o barulho das águas

Lavando ruas e almas

Ouço o barulho das águas

Na madrugada fria

Neste verão sem explicação.

Ouço ao longe o choro de menino

Fome, insegurança ou medo

Ouço ao longe o choro de menino

Na madrugada fria

De insônias tantas, em vão.

Não me dói ouvir violinos

Orquestras reinterpretando barrocos

Madrugadas frias não me afligem

Apenas me silenciam

E me questionam

Paradoxos de verão e frio

Inexplicáveis mutações e rompimentos

Ouço o barulho das águas

Nas frias madrugadas do sertão

Mesmo no verão

Ouço a música triste

Sem tristeza na alma

Nem no coração.

Apenas perdido na escuridão

Que me faz ver a luz

Que ainda não veio inteira

Mas está no encalço

De uma alma que ouve música triste

Ao som da chuva torrencial

Sem dor

Nem rancor

Nem mágoa

Na madrugada fria

Mas não fatal.

LUCAS FERREIRA MG
Enviado por LUCAS FERREIRA MG em 09/02/2013
Código do texto: T4131874
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