PROGRESSO
Como eu reclamava
da merenda da escola (argh!)
do rápido jogo de bola,
das aulas sem-hora
de acabar.
Como eu reclamava
do ônibus lotados,
da catraia na chuva
e do outro ônibus
para chegar ao trabalho.
Cada galho!
Como eu reclamava
de ser chamado de estagiário
(que rima com otário)
de ter tanto trabalho
e o salário, beirando o assoalho.
Hoje, não spu mais estagiário,
tenho bons salários,
como do bom e do melhor,
quanto eu quiser,
faço meu esporte
à hora que quiser.
Tenho um carro, do ano,
à porta de casa
para me levar ao trabalho;
mas, quando lembro
daquele dia-a-dia,
eu vejo que era feliza
e não sabia...
Junho/1989