Da Cegueira
Quando fecho os olhos (para vê-la melhor),
a sua voz pega meu pincel da imaginação
e pinta esse rosto (que já conheço de cor)
apesar de nunca tê-lo tocado com a minha visão.
Os leves e coloridos pingos de tinta
(que escorrem sobre a face da escuridão),
são desejos que vêm ( enquanto ela pinta)
como estrelas líquidas que escorressem ao chão.
Quando o silêncio apaga a tela,
e eu abro os olhos (num repentino escurecer),
vejo que eles já estão cegos (de tanto a ver)
e, de repente, essa cegueira me revela :
que não foram eles que ficaram cegos por ela,
foi eu que me deixei ensurdecer.
08-02-2013