Da Cegueira

Quando fecho os olhos (para vê-la melhor),

a sua voz pega meu pincel da imaginação

e pinta esse rosto (que já conheço de cor)

apesar de nunca tê-lo tocado com a minha visão.

Os leves e coloridos pingos de tinta

(que escorrem sobre a face da escuridão),

são desejos que vêm ( enquanto ela pinta)

como estrelas líquidas que escorressem ao chão.

Quando o silêncio apaga a tela,

e eu abro os olhos (num repentino escurecer),

vejo que eles já estão cegos (de tanto a ver)

e, de repente, essa cegueira me revela :

que não foram eles que ficaram cegos por ela,

foi eu que me deixei ensurdecer.

08-02-2013

Torre Três (R P)
Enviado por Torre Três (R P) em 09/02/2013
Reeditado em 10/12/2015
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