Poema Dois
Enquanto a chuva de sangue
Inunda o jardim botânico
Os espinhos mortais dessa vida
Dilacera esse coração que é orgânico
E aquelas mesmas asas de urubu
Que cortam o negro céu cinzento
Vagueia em mais um sonho perdido
Entregue aos caprichos dos tormentos
E a entrada do paraíso foi negada a mim
Jamais ninguém ouviu o meu clamor
A negação foi proclamada na voz de um serafim
Afirmando que eu jamais conhecera o amor
Percorri as ruas vazias em vão procurando felicidade
Por entre as sombras fui mais um desalmado
Sonhando acordado com a própria realidade
Percebendo que tudo em mim estava errado
Então meu Deus o que me resta!
Se a solidão dos meus dias eu não suporto mais
Não quero vê-la tão distante da minha vida
Levando consigo a minha paz