Buscas
Espero ainda entender do mundo a cara feia,
A teia que me embolo todo dia, vida e meia,
Buscando algo exposto no sem fim distante,
Fazendo curvas no caminhar do caminhante.
Quero que, finda a briga, sare a voz da flauta,
E que a luz da sombra traga a mim a sua falta,
E diga em música, o doce som da boca ardida,
Que o perverso recheie o vazio da pervertida.
Venero tenso, o argumento quente da saliva,
A ceia enfastiante da orgia plena e sedativa,
A arte feita pelo refugo do artista depressivo,
Fazendo tenro o sentimento amigo do castigo.
Espero ainda entorpecer impuro o vão da veia,
Cantar o canto incompreensível da bela sereia,
E ver do céu a planta baixa dessa terra confusa,
No sentido e na direção contrários a quem acusa.