Buscas

Espero ainda entender do mundo a cara feia,

A teia que me embolo todo dia, vida e meia,

Buscando algo exposto no sem fim distante,

Fazendo curvas no caminhar do caminhante.

Quero que, finda a briga, sare a voz da flauta,

E que a luz da sombra traga a mim a sua falta,

E diga em música, o doce som da boca ardida,

Que o perverso recheie o vazio da pervertida.

Venero tenso, o argumento quente da saliva,

A ceia enfastiante da orgia plena e sedativa,

A arte feita pelo refugo do artista depressivo,

Fazendo tenro o sentimento amigo do castigo.

Espero ainda entorpecer impuro o vão da veia,

Cantar o canto incompreensível da bela sereia,

E ver do céu a planta baixa dessa terra confusa,

No sentido e na direção contrários a quem acusa.

Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 08/02/2013
Reeditado em 03/07/2016
Código do texto: T4130124
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.