MISÉRIA
MISÉRIA
Amo a fundo
Esses telhados sujos
De uma miséria portentosa
Que ama o amanhã
Como se as pessoas
Nunca existissem
Amo as ruas minadas
Contaminadas por tristezas
Travestidas
Que entenderam antes da filosofia
Antes do pesado Malon
Que as pessoas não valem a pena
Amo os pés dos aflitos
Os passos dos pobres
Vivendo esse blues in eterno
Enquanto a rocha da ignorância
Os abate, humilhados, ao pó
Amo os que vivem de salários
De favor e não do justo crédito
Que pela fé se movem
Confirmando a Lei
Amo esses que amam
Que acalmam a fúria
Do sider dei do mega império
Pelos quais as esposas choram
Interrogam preocupadas
Pelo onde apascentará
Amanhã, o rebanho tecnológico
Amo às tontas esses tantos
Que não conhecem o pensamento
Vão dos que condenam
Justificando suas vilanias
Distribuindo misérias perpetuas
Que nada contêm de Lei
Amo, no mais fundo
Da terceira pessoa
Esses pequenos maliciosos
Que o poder inocenta
Para o mal entendimento
Deixando-os puros
Para sofrer
Amo, no suor ao final do dia
Na palavra fiel
Na palavra
Na fé
Na esperança
E no amor
Que resta.