Medo é um guri num buraco escuro quando puxa.
Guarda o assombro, caveiras e uma risada de bruxa.
Diz que vive vagando no vulgo roxo de mortalha,
a cabeça decepada na mágoa duma navalha.


Milton Moreira
(Aparição, RL,19/01/2013)


 
 
 
MEDO

Não raras vezes sinto medo...
Medo de sentir e querer gritar.

Medo de olhar mais além.
Medo de cair e não poder me levantar.
Medo das marés que o mar da vida tem.


Não raras vezes sinto medo...
Não de morrer, mas de viver.
Medo de trocar o Ter pelo Ser.
Medo de esquecer
que tenho asas nos pés
e que no entanto...
Sou frágil como outonais folhas.

Sinto medo de esquecer
que tudo depende das minhas escolhas...

O medo intimida. Paralisa.
Mata inocentes. Desenterra o passado.
Revira mundos e fundos. Dá vida a defuntos.
Faz o olho esbugalhado.
Faz correr adrenalina no coração aterrorizado.
Faz trocar a mentira pela verdade

e a verdade pela mentira.
Substitui o certo pelo errado.
Tira a liberdade.

Afugenta a amizade.
Aniquila o amor.
Provoca dor.
Dor.
Dor.
Dor.
E mais
d
o
r... 

Ana Flor do Lácio

Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 07/02/2013
Código do texto: T4128391
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