Capim gordura
O povo caminha,
Trabalha, esfola os dedos,
Acabam suas forças no dia,
Construindo os pés dessa nação.
Chega em casa, que covardia...
Tem os filhos na rua, a mulher grávida e as mãos vazia.
A um passo da miséria,
Assiste profetas alocarem-se abaixo dos viadutos;
Sob indultos, jovens transformam-se em monstros sem sepultura,
Apontados e sentenciados pela hipocrisia crua.
A realidade é mais dura...
Não há escola que ensine;
Não há hospital que cuide,
Na verdade não há lei justa e nem família.
As regras são escritas,
A Democracia dita,
Mas quem acredita?...
Quem tem medo morre,
Quem tem soberba foge;
Quem tem fome agride.
Essa é a lide.
Normal é fazer capital.
Quem tem manda,
Quem não tem dorme e acorda de barriga vazia.
Não me inibe dizer,
Que entre mim e você está um muro.
A desigualdade é um prazer para uns e um pecado mortal para outros.
Mas quem está pensando na gente?...
Se o sinal está fechado,
O suspiro é dobrado,
Mas em casa, hoje, a qualquer hora...
Com grades, cercas e mais apoio,
A bala perdida não tem cura.
Não sou como você,
Pois tenho a pele escura,
Mas o que vai dizer de nós é essa vida dura.
Se não fosse essa paixão,
Já tinha feito uma loucura.
Do que adianta ter esperança,
Se justiça só em tela plana.