ELENICE

ELENICE

A moça abre a blusa

da cor da pele que ela usa

Surgem asas que ela rufla

lentamente pela rua

Os pés se perdem do chão de pedras

Ascende sobre as luzes da cidade

olha de esguelha pelas janelas

até que tudo pareça saudade.

Em direçao ao sol, além das nuvens

a moça não sabe que é anjo

pele de sonho, olhar de música

procura quem a faça, apenas, feliz.

Liberta da gravidade da tristeza

flutua para longe, para o sonho

Na cidade, agora deserta, uma só certeza:

nada será como antes, quando havia anjos.

No lugar onde nasci

não existiam anjos

como os que vejo aqui.