AS SARDAS QUE TENHO EU
As sardas que tenho eu
me dão a identidade
de um passado europeu.
São as ladras,
as sequestradores
- no meu modo de ver -
da pele lisinha
que nunc apude ter.
Mas, são estas sardas
que aumentam a cada ano,
que me dão a identidade
de um passado italiano.
E se, por acaso, tomo sol
para poder ficar moreno,
as sardas voltam, como
um irremediável veneno.
Mas são as sardas do meu rosto,
do meu corpo,
como nódoas na lenha
que me dão a identidade,
quem sabe,
da Ilha da Sardenha.
Setembro/1989