Cotidianos
Carros, poeira, buzinas
Pedestres apressados
Acuados nas esquinas
E o amor que não veio
E o poema sem rima
Ônibus, caminhões, lentidão
Vendedores ambulantes
Pensando nas amantes
E o amor que não muda
E o poema pede ajuda...
E quem roubou a rima
Do poema que queria ser alegre?
A musa, que distraída se foi sem avisar
Ou o poeta confuso querendo chorar?
E afinal, qual a estrofe que melhor arrefece?
A primeira, sonolenta
Procurando as palavras
A segunda, convicta e sem emoção
Ou quem sabe a terceira
Sem graça, sem eira nem beira
Querendo empurrar para a quarta
O final da composição
No fundo isso pouco importa
Se a palavra ainda não está morta
E a poesia se lê, mesmo por compaixão.