A UMA MULHER DE OUTRO ESPAÇO
NA MADRUGADA DE 04 DE FEVEREIRO DE 2013
Este é um poema especial para alguém que não está no Recanto das Letras, poema-comunhão, fruto de auto aprendizado de dores mútuas nunca partilhadas explicitamente, dores que transcenderam qualquer padrão lógico, dores para cuja dimensão não há palavras possíveis. Eu o escrevi e o publico porque tenho a sensação de tempo-limite e preciso deixar tal testemunho, que é sincero (não poderia deixá-lo senão aqui, que não tenho outro lugar para isso). Poema fruto da procura de sair de mim mesma, na tentativa de me por no lugar de outra mulher. Este poema é um pedido de perdão pelo que eu não sabia que fiz e, ao mesmo tempo, doação incondicional a essa pessoa específica que, como já disse, não está no Recanto das Letras nem tem relação direta com nenhuma pessoa do Recanto (à exceção de mim e de outra sua amiga, esta querida naturalmente); eu o publico, também, na esperança de que pelo menos algumas pessoas o possam entender, porque o seu conteúdo e significados (do poema) fogem bastante às normas que costumam reger os relacionamentos de natureza passional. Dores transmutadas aos poucos em mim... Nem sei o que daria para que outra(s) pessoa(s) em liame estreito com esta história de cunho pessoal pudessem transmutá-las nelas mesmas, também. Não que este singelo poema tenha, para isso, qualquer espécie de poder.
Teus olhos azuis
em alguma vida
ainda nesta vida
me haverão de perdoar
pelo que eu nunca soube
pelo que eu nunca quis:
Ferir-te assim.
Ah, mulher!
Se souberes
a dor por mim e por ti
que há em mim
poderemos ainda renascer
eu em mim
tu em ti
de tudo
O que não pudemos ser.
Teus olhos azuis
meus olhos castanhos
tu Laura
eu Beatriz
ou vice-versa
que poetas de musas
são todos Um
assim elas também: Uma só.
Tuas tranças
que ele amou
meus cabelos
soltos sobre os ombros
- nossos cabelos
que ele amou.
Teu sorriso
o meu sorriso
o sorriso dele
Ah, mulher!
Não me odeies mais
por favor.
Eu nunca pude odiar-te.
Como o poderia?
Estás nele como eu estou.
“Apesar disso que digo
nunca mais poderei ler “O Guarani”.
Afinal, vida é paradoxo
e em algum lugar, gente se contradiz.“
Alguém dirá
“Hipócrita!”
E eu vos responderei:
“Vivei
Cem Anos de Todas as Renúncias
e compreendereis
- ou não compreendereis”.
Eu precisei compreender.
Atravessei o umbral de mim
e compreendi. E aceitei.
Ah, perdoa-me, mulher!
Tu bem sabes que ele,
assim como não se esquecerá de mim,
nunca também te haverá de esquecer.
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04/02/2013 02:05 - Lilian Reinhardt
Esta parabóla poética me diz profundamente de uma viagem interior/em simbiose experimentada.Que te direi se a ilusão ainda mortifica e as dores da trajetória ainda não se apagaram. Adotei os ritmos deste poema que me cala, me pranteia, me faz vestir=me em metáforas, para ocultar a dor...porque tenha alma lemuriana, tenho que fugir para longe quando estou em estado de dores...Em simbiose despi-me na linguagem que velada ainda me veste. Magistralmente transmutação a tua Arte! Namastê!!!
Para o texto: A UMA MULHER DE OUTRO ESPAÇO (T4121996)
Ah,Lilian, minha amiga querida! NAMASTÊ!
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