Ida

Há uma tristeza tão grande

nas estantes vazias,

como se partidas,

as ideias tivessem

sumido no Mundo

que resta apenas

a desolação

em mogno preto.

O cheiro de abandono

percorre os corredores

como um fantasma

descrente da própria morte.

E ainda que todos

os adjetivos, verbos e advérbios

tenham impregnado as paredes,

sabe-se que a poesia acabou.

A enseada de Botafogo

que um Naif em vão tenta recriar

perde a cor aos poucos;

a face, cada vez mais pálida,

aos poucos perde a cor.

E tudo, agora,

é só a branca ausência.