Vale dos Protegidos
Livre das nuvens espessas
Brilha o sol dos protegidos
Que das rotineiras chuvas
Sempre estão escondidos
Numa vida afável
Salva de adversários
Sem balanço, sem problema
Sem perigo, sem dilema
Mora recorrente inércia
Pois há conforto no estável
Previsível vivência
Dos remédios às doenças
Lento perdurar
Do conveniente segredo
Para não fazer chorar
E assim, sem os olhos lavar
Vivem cegos de proteção
Sem chagas para estancar
Com os pés nunca descalços
Não sentem a terra no chão
Em vão, se esquivando
Das escolhas, do medo do escuro
Como se dentro de um muro
Fizessem mundo silenciar
Na penumbra, brilham os olhos vermelhos
Rodeados de espelhos
Refletem massas amorfas, escondidas
Longe da entrada
Quanto mais de uma saída
Como areia que escorre entre os dedos
Perdendo-se em imagens
Que lhes atravessam o peito
Poluindo a mente
Confundindo o jeito
Enquanto age a realidade
Perde-se o tempo na margem
Segura, por não doer
Mentira, por ser miragem
Nesse oasis de inverdade
Escondem-se os sentidos
Impermeável construção
No Vale dos Protegidos.