Vale dos Protegidos

Livre das nuvens espessas

Brilha o sol dos protegidos

Que das rotineiras chuvas

Sempre estão escondidos

Numa vida afável

Salva de adversários

Sem balanço, sem problema

Sem perigo, sem dilema

Mora recorrente inércia

Pois há conforto no estável

Previsível vivência

Dos remédios às doenças

Lento perdurar

Do conveniente segredo

Para não fazer chorar

E assim, sem os olhos lavar

Vivem cegos de proteção

Sem chagas para estancar

Com os pés nunca descalços

Não sentem a terra no chão

Em vão, se esquivando

Das escolhas, do medo do escuro

Como se dentro de um muro

Fizessem mundo silenciar

Na penumbra, brilham os olhos vermelhos

Rodeados de espelhos

Refletem massas amorfas, escondidas

Longe da entrada

Quanto mais de uma saída

Como areia que escorre entre os dedos

Perdendo-se em imagens

Que lhes atravessam o peito

Poluindo a mente

Confundindo o jeito

Enquanto age a realidade

Perde-se o tempo na margem

Segura, por não doer

Mentira, por ser miragem

Nesse oasis de inverdade

Escondem-se os sentidos

Impermeável construção

No Vale dos Protegidos.

Deperiret Sonus
Enviado por Deperiret Sonus em 03/02/2013
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