SÓTÃO
No escuro da casa
nada ouço,
nada vaza
pelas paredes
de concretoe lembranças.
Sonhos de criança
que movem os moinhos
da memória:
foram dias de lutas,
de luto
e de glória.
Escadas alçadas
levaram a alma
a outros patamares;
pés no chão, suspirando
por novos ares.
Na busca do céu,
tudo é seu,
é meu;
saio do porão
em direção ao infinito.
Mas o brilho das estrelas
não é possível alcançar;
o escudo do telhado,
a penumbra, a sombra
me impedem de enxergar.
Um esforço sem fim...
No fim das contas
tudo foi em vão;
fico subjugado, calado
tão só
em meu
sótão.