[O Olhar Abissal]
A vastidão do olhar é intraduzível sempre... mais tentamos a palavra, e mais cada palavra apenas atesta a sua incompletude congênita!
Assim, tudo que se pensa está no limite da erupção; tudo que está à vista permanece misteriosamente oculto; tudo permanece quase... quase dito — nada pode ser tratado com palavras, exceto talvez o desespero!
Conclusão[?!?]: toda fala é apenas outro arranjo [sonoro] da mesma indeslindável partitura universal! E há infinitos arranjos sonoros... Haja coração para tanta musicalidade!
Se Deus existisse, haveria algum consolo... Mas o Deus que nós criamos não basta para clarear o abismo onde lançamos o nosso olhar interrogante...
[Eu não disse nada, isto é, eu não quis dizer nada].
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[Desterro, 02 de fevereiro de 2013]