Alforria do poeta
Cabeça de poeta, que coisa estranha
se olhar bem de perto, até assusta
de longe parece majestade
mas de fato nada lembra o que é.
É capaz de encontrar beleza no escuro
gosta de mudar até a cor das flores
em volta dela não cabe nenhum muro
dentro dela, Deus descansa suas dores.
A cabeça do poeta faz o mundo fugir do prumo
bagunça as almas como sempre quis
é arteira, é rendeira, faz folguedos com a fé
quando tropeça, ri de si mesma tão feliz.
Quem quiser entender suas amarras, desista
teimar em traduzir suas veias, tempo perdido,
poeta só obedece seus poros e nada mais
seu cantar imanta os ventres da luz para sempre,
sua alforria faz o mundo mais bonito.
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