MOMENTOS POÉTICOS (2006) de José João Bosco Pereira.
LÍRICA AMIGA
Se todos que vivem juntos
Se amassem,
A terra brilharia mais que o sol!
Para isso, se há algo a esperar:
Aceite o outro como é!
Pois não há ninguém que não erre:
Veja que Deus – é único que não falha
No entanto, encarou nossa malha.
Fez-se carente e limitação por nós
A fim de, em Cristo,
Se revelar na contingência humana.
Se a Deus queres ver,
contempla em todo ser
E no próprio coração o encontrarás.
O amor opera em ti e no outro!
Quanto esforço inútil?
Viver por viver?
Não descobrir que somos únicos,
Que a Terra é o que fomos nós.
Perdoa sempre a ti e aos outros...
Essa é a chave da tua vida e amizade.
A flor não fala
E deixa seu perfume,
Naqueles que a tocam
Onde fores lembra-te
Da pessoa amada.
Peça a Deus Nosso Senhor
Que abençõe teu labor
Que firme teu amor
Que dirija teu ardor
Pois Ele ouve as criaturas
Que o bem procuram
Com coragem e branduras.
O GENTIO E A ORAÇÃO
Certa vez um grego rezou!
Em Fedro 279 b,
Platão nos recorda essa sublime alma:
“Ao céu implorou um pagão,
do seu peito fluiu uma oração:
‘Senhor, concede-me
chegar a ser belo interiormente,
e o que venha ter
e acumular exteriormente,
esteja em harmonia
com o meu interior.
Ainda consintas
que rico seja o sábio
e, quanto à riqueza material,
tenha em tal quantidade,
que seja ideal
para a posse
e prática do bem,
Como um homem sóbrio.’
Como Deus
não ouviria
essa prece?”
GRATIDÃO À MÁRCIA
Este soneto dedico à Márcia,
Venho gentilmente enaltecer.
Este livro de poesia e memória,
Venho, alegremente, agradecer.
No primeiro instante de vida,
Destes Momentos Poéticos,
Sinta, então, você engrandecida,
Primando-se em modelos éticos.
Para quem promove o outro,
Nisso, sua alma eternizará!
Sua vida brilhará qual ouro...
E ao futuro seu nome legará.
E a cultura será seu ancoradouro.
E o bem a todos chegará.
O LIVRO
Na biblioteca procuro um livro!
Quando o acho, fico contente.
O que descubro é exílio e lírio:
A pesquisa é novo expoente.
Ler parece um martírio, sem fim,
Quando do livro não se tem gosto.
Mas se a leitura cativa a mim:
O prazer está além do imposto.
Se a vida não se reduz ao alvoroço,
Urge criticar o conteúdo proposto
Decorar fórmulas é só um esboço.
Mire a alma ao infinito, ao conhecimento,
Ao analisar as entrelinhas do não-dito.
Ao fim da pesquisa, sinto contentamento.
ANTROPÉIA
A vida flui no remoto passado,
Mesmo havendo labirinto sutil,
Fascínio em desígnio descoberto,
Oculta e Impregna mistérios mil.
O antropóide passou a pensar:
O primata ludificou o fogo e o jogo.
Nele, liberdade flui como néctar.
A angústia da morte revela-se logo!
A Renascença veio do humanismo.
A dicotomia entre filosofia e emoção.
descortinam desafio ao etnocentrismo.
A síntese da inteligência é o coração.
Urge vencer a indiferença e o racismo.
A antropéia desafina; tolerar é sugestão.
MINHA VOVÓ ROLA
Saudades de teus olhos azuis,
Maria Luiza de Jesus,
Ainda sinto a alegria da viver
Uma fé inabalável no bem,
coração capaz de acolher
Foste viúva, mas não solidão!
O povo de Arcângelo a ti recorria
Dia e noite, teu rosto aos netos sorria.
O exemplo, que unia, vinha da oração.
Virgem de Fátima era tua devoção!
Missas, não perdias: sentias Cristo!
No irmão, acolhias com retidão.
De quem não caducou desde então.
Com seus 90 anos, conseguias
Sustentar a luta na esperança,
Tua atitude alumiava nossos dias.
Serena, contagiava tua crença.
Ouvias com amabilidade,
teu coração e tua devoção.
E entendias com facilidade
a grande família com emoção.
Nossa alegria era ver-te chegar
Vinhas, contente, a todos abençoar
O céu nos granjeou nossa vovó
Ditosa e virtuosa, esperto olhar.
Papai caçula, com carinho, te olhava,
Com toda dedicação, acompanhava-te.
Passaram-s anos, ele não se distanciava;
Triste ficou quando o deixaste...
VOVÓ LÉA DELVECCHIO TRINDADE
Com Lucas bebê ao colo sorrias,
Uma foto selara aquele momento.
O menino agora contigo dormias:
Olhavas feliz após o sofrimento,
Invocavas o Padre. Francisco Gonçalves,
Ao terço terno, em mui doses, cingias,
Milagre de Ave-Marias entre reveses.
A Nosso Senhor, em preces suaves pedias.
O céu coloriu de novo a nossa história!
O Lucas renascido a ti sempre amou.
Deus presenteou-o com a vovó querida.
Paraíso, cheio de bênçãos, das dores o livrou,
Contempla, ó Lea, a Trindade e a Virgem Maria,
Lucas, não esqueça de tua vovó amada em vida.
MINHA MÃE
Linda por dentro e por fora.
Digna dos filhos e do lar,
É a pérola da família e história,
De fato, tem perfil de educadora!
Mulher virtuosa e mão bondosa.
Soube desde agora e outrora
Viver com os seus como generosa,
Formando gente de honra
Aceita nossa gratidão e amor
Diante deste materno olhar, azul
À Virgem eleva nosso clamor
Brilha nossa estrela no sul.
Daquela cuja vida
Tem sido alegria
Ainda dor incida
Nessa harmonia
Evoquemos os exemplos
Da mãe carinhosa,
Que os céus amplos
Digam-nos: radiosa.
De sabedoria e amor
Com os frutos da fé
Na luta contra rancor
Tendo a casa como sé.
LEMBRANÇA PATERNA
Assim era o tempo de papai:
À porta da casa, assentado ficava,
As pessoas que com ele conversava,
Depois de um dia no consultório dentário.
Onde nasceu morreu!
Foi criado nas terras de Cajuru,
Nome antigo de São Miguel Arcângelo.
Seus pais viviam no Ribeirão Chaves
Entre Madre de Deus e Arcângelo.
Um dia, dos pais, pequeno, se despediu.
Foi estudar e fazer a vida longe,
em direção à cidade sumiu.
Tudo na casa de campo
Lembra meu pai na horta a plantar,
debaixo da árvore a ler
e aos campos a percorrer.
Sua vida ele contou:
Fez seminário, contabilidade,
Odontologia e advocacia.
E vejo como hoje,
Chegava bem à noite,
No Banco da Lavoura
Trabalhava mais tarde
Ah! Que saudade
De meu pai querido
Presente que Deus
Me deu em vida.
CANTO À ÁRVORE
A árvore, meu filho amigo, tem alma!
E ela nos serve de abrigo e nutrição...
A semente e brotos nascem da lama:
Vencer a fome: colher frutos é solução!
Mas, pai, por que este hino vamos evocando?
O pai narra: Zaqueu à árvore vai subindo,
nas escrituras, encontra o Cristo: “Daí desça,
a salvação reina nesta casa,” Quero que cresça.
O pai e filho se contemplaram na sombra!
Viva as árvores: nossa vida e, sentindo-as,
A posteridade canta cantigas, e história lembra!
Não são antíteses: os sicômoros e gentes:
Os filhos brincam, estudam debaixo delas!
E futuro e floresta amanhecem contentes.
INFÂNCIA
Chego a casa, vejo meus pais
Como são amigos;
Imperfeitamente amigos:
Eles me amam como sou
Eu lhes quero bem.
Talvez o triste de muitos
É não ter um lar para onde ir
Ou fugir do lar que se tem.
Ou acreditar amargamente:
- A família é apenas uma instituição
Burocrática, contraditória, tradicional
Outros até já decretaram seu ocaso.
Esqueceram-se de suas origens?
Seus lares fracassaram?
É necessário ser moderno
Para negar o valor de um lar?
Meu lar é ainda bom
Com todas as sua chatices:
Lar é infância!
É café quentinho, volatizando sonhos
É papai ainda no gabinete a tirar dentes.
É mamãe fazendo doces e quitandas.
Ora papai pegando no pé para estudar.
Ora mamãe costurando nossas roupas.
Agora, anos se passaram...
A foto está na parede do coração:
A recordação faz doer a alma.
E a memória instantaneamente
Rumina emoções e situações.
Agora, inevitavelmente,
Eternizados no tody com fumaça na xícara
Apropriados nos passos do filho novo que nasce
E etéreos como uma mitologia,
Cujos deuses são bem humanos...
Para quem gosta de ler esse álbum,
Ainda no mofo parece pulsar...
Uma memória ainda vivamente intrigante!
Feliz dia de sua famíla!.
ALFENAS
Cidade singela
Vê no sul de Minas,
Que na passarela,
Bela via sintas!
Não sou de Tiradentes,
Nem barroca são João,
Mas busco liberdade,
E gosto de música.
Como é bom revê-la!
Meu lar era de três irmão.
A história começou
E o dentista se formou,
E o menino no colo da mãe
O céu abençoou.
Recordações tenho:
Imagem dos padrinhos:
carinho de gente:
boas de coração.
Anseio estrada
Sinto Alfenas
Como ninho e ancora.
JOSÉ, E AGORA!
O quartel passou
O seminário se foi
Teu pai partiu...
Os amigos se debandaram
Hoje você tem mulher,
filho e obrigação,
Veja que tudo mudou!
Nem o soldo, nem a pastoral,
Nem a protelação
Podem resolver
O que você precisa fazer!
Resta agora
sua ação
Seu trabalho
Sua família
Sua educação
Para legar
o desafio e o prazer de viver
Ao Filho
Se você vencer
Se você lutar
Se você pensar
Que há Deus
Pai para ajudar
A vida fica diferente:
Os desafios são prementes,
As pessoas não nasceram prontas
Estão por serem gestadas!
Somos eternos
Aprendizes de nosso viver.
Siga seu coração,
Não se deixaste robotizar
Aprenda a amar si mesmo,
O céu só pode-o sustentar:
O mistério não o desabonará!
A morte não será apenas um fim...
PAULO AUGUSTO (03.07.92)
“Nostra laeticia
est primus!
Dominum laudemus,
Em est vita pulchra!”
Três mundos há:
O seio materno
O solo da história
O divino reino.
Sua vinda nos alegra
Atrai sendo pequeno
Lembre-nos Jesus menino
Lembre-nos vida afora
Que somos iguais
E também diferentes
Pois sendo novo
Somos únicos
Tão boa mãe esperou
Tão feliz o pai olhou
Todos contemplaram
O que os céus deram
Augusto é belo,
Paulo é apostolo,
Impera o bem
Em teu leito. Amém!
Salve feliz 29 de junho
Basta trocar o dia
Para 92 amanhecer
Paulo Augusto no nome
Sempre tenha renome.
LUCAS, LUZ DA NOSSA VIDA
Do nascimento até agora
Sempre o olho e me alegra
Saber que a vida vencedora
Da morte e da dor nos agrega
Como uvas em vinho na adega
Contemplei-o desde a aurora
Noites aos pés da cama vigiara
De dia, banho, passeio, carregara
e ao médico, mãe e pai o levara
Aos poucos, tu encheste de primavera
Nossas vidas, em teu rosto os traços herdara
Como crianças na ágora
Como Sócrates que sonhara:
um povo e filhos; projetara
a eternidade na efêmera
passagem – riso viera
após dias de tua vitória.
O verde de teus olhos brilhara
Ao ver o mundo, iniciara
A descoberta de tudo, a aurora
da vida aos sentidos tivera
Novo ator, a musicalidade soara
E teu rosto sempre contemplara
A alegria; e o aconchego viera
Como presente nos comovera
E sempre tua presença contagiara
Nosso coração – Lucas nascera!
CAIXINHA DE DESEJOS
Certa vez
No dia dos pais,
Minha filha,
Dei-me uma caixinha:
Um presente secreto.
Hoje eu a peguei:
Está amarelecida pelo poder
corrosivo do tempo..
Embora idoso, meus sonhos
não são idosos.
Vejo direitinho
Aquele dia
Minha filha, só a telefonia
Pode agora alcançar:
Está em outro lugar
Naquele dia da caixinha:
Não vi nada
Apenas um fundo vazio
Mas a minha filha
Disse estar cheio
Cheio de carinhos
De bem-me-queres
Guardo feliz essa lembrança
Que levarei comigo
Um dia,
Um mês,
Um ano...
Hoje, são dez anos:
Ela cresceu,
Mas é minha filha!
MOTIVO DA ROCHA
Na areia, a casa cai sem fundamento.
Na rocha, ela tem seu enraizamento.
Ronca roda ronda rumo...
Quem pode suportar Netuno?
Cristo Rocha, Francisco de Assis tocha!
Maria nossa, a Igreja possa
Ser base de um mundo unido...
Claro-escuro da graça toca!
“Tudo fizeste sem nós, ó Deus,
mas não nos salva sem nós.”
Diante da tempestade, infunde a sé
E vigor do Cristo: doce albatroz
Tudo passa, só tu ficas!
Inspire ao coração sabedoria
Do Verbo contra a tirania.
SE ESTA RUA FOSSE MINHA,
Eu pintava de azul todinha,
Com alegria no horizonte,
Com sorridente semblante,
Só para meu bem entrar.
Nesta rua mora gente,
que vive contente
um convívio de paz,
porque é feliz e capaz.
TIRADAS
Sem
Mais
Reais,
Nosso
Povo
Sofre
Anos;
Com
Lula
Quer:
Fome
Zero,
Brasil
Melhor!
CRIAR NA DOR
Sol torto nos galhos do sertão seco,
Chuva que não chove, reclama a alma,
Como triste pesadelo infinito e oco,
Ái, coração! Empedernido como drama...
Dias de sede: miragem de pó em desertos!
Assim, a mente cheia de sonhos morrendo...
Meu povo sofrendo, teimoso e resistindo
como insetos em cerrado, cupim e cactos
Carne: terra a dentro – ardendo,
Água: sedento povo merecendo.
Será que além, outros vivem essa dor?
E tem vigor para amar sofrido labor?
Sinta o quão é tensa a miséria...
Não queira isso para tua Tutaméia.
Campos floridos e gente feliz,
Estou lá como o peixe em mar
O suor escorre e a visão alude
Um mundo novo é o paraíso.
O nosso sertão:mundo afora! -
OS IMIGRANTES
Sol Mediterrâneo da terra de Garibaldi e Danti,
Pisam as montanhas alterosas das Vertentes
Com sonhos e desafios mil - inconteste,
"Depois, corações são aclimatados noutras vargens ..."
Dia a dia: miragem do porvir
Assim a mente cheia de saudades da Itália vertendo
Um povo diferente teimoso e cantante:
migrantes, nos prados, nova linhagem gerando
Esperança: terra adentro - desejante,
Um nicho de uma nova identidade .
Será que as novas gerações mantêm esse "modos vivendi"
E elas têm vigor para amar o labor?
Sinta você como é tensa a histórias de duas etnias,
Construindo uma nova Tutaméia!
(voz de Minas em Guimarães Rosa)
Plantações floridas e gente feliz,
A diferença acontece lá como o vinho na adega
O suor escorre e a visão projeta
Um mundo novo de utopias: desencontro, encontros...
Giarola, César de Pina, italianos se tornam brasileiros! -
AO MEU AMOR
No mundo nada se compara
A delícia que exala
da paixão por ti.
Que não seja só uma atração,
Pois o amor quer continuar
Além deste lugar
Os anos passarão: sempre voltarão ao começo
É o alicerce do amanhã,
Ou a recordação do passado sorrindo...
A flor, a rosa, a gata podem um dia mudar,
Mas aqui dentro somos
Eternamente Jovens (filme).
POÉTICOS COMPASSOS
Se a mente não mente,
Corre o coração a dizer.
Que, na escrita, a letra reticente
E a leitura possa trazer
Palpitações sentidas e vividas.
Um dia me lerão,
Com saudade de mim!
Sua poesia foi um clarão ou faísca
Para os que vão aqui e além.
O limiar transita e transpira
Vida e morte.
Confesse alma gentil
Dizendo porque partiste
Deixando em todos sua porção?
Ao dizer o que sinto,
Traduzo o que outros vivem...
Sou de todos e de ninguém,
Pois a poesia é comparsa,
Compasso do tempo.
O NADA
Não sou nada
Deus tudo fez do nada
Tudo volta um dia ao nada
Ávida passa num segundo.
Nada do que dizem poder ser verdade
Nada se perde, tudo se transforma,
Nada acontece em vão!
Sou um nada, então!
Nada eu sou?
Tudo é oposto ao nada?
Fiz nada para merecer a existência...
Nem pedi para nascer...
Sou como Jó quando a dor vence, vem...
A noite , o universo estrelado:
Indicam um plus acima de nossa vidinha;
Será que existe vida além daqui?
Sem ar, volto ao nada: tudo passa!
Nada fica: tu és pó...
Não foi nada
Nada consta
Não enxerga nada
Não, eu não fiz nada...
Não sei de nada...
Você é um nada...
Nada, porém, acontece em vão,
Ninguém tem razão
Isso me parece uma aberração,
Nada acontece por acaso...
Fiz nadinha...
Nata, nato, nonada, natural, nação, na mão
Contra mão da história...
E justificamos nosso erro,
Aplaudimos nossos acertos,
Escondemos nossa empáfia,
Pisamos em quem não tem nada:
Acumulamos riqueza
Que traça há de comer:
E dizemos nada saber!
HISTÓRIA DE NÓS DOIS
Muitas coisas eu vi, ó moço,
À noite, nos braços dela...
Conto ainda com os olhos
Em brilho e os lábios molhados.
Um amor não tem preço,
Nem se encontra mesmo no pregão da bolsa de valores...
O sonho se conquista e há casos, ó moça:
São histórias de ontem, de hoje e outras de amanhã:
De plebeus e patrícias...
De princesas, Gatas Borralheiras,
De Brancas de Neves, ou Chica da Silva...
Ou talvez um amor impossível de Romeu e Julieta,
Talvez de Esmeralda, Senhora, Diva...
De Damas e Vagabundos...
Destas mulheres ou Celebridades
De lindas Belas
com estranhas Feras...
Não importa a língua, a tradição, o tempo...
Ou a eternidade.
Muitos ficaram consagrados em fotos,
Outros em filmes, outros em novelas.
Ainda outros em romances e contos!
E, teus casos, amados e amantes?
São da pedra, da antiguidade clássica?
De um Abelardo e Heloísa?
Do gótico ao medieval?
De Dom Quixote?
De Eugênio e Margarida?
De Bentinho e Capitu?
De Ceci e Peri?
De Joões e Marias?
Se for ainda do flerte do romantismo,
Ou talvez lá do outro lado do mundo
Entre budistas e gregos,
Croatas e Sérvios,
Talvez aqui no terceiromundismo,
De Mineiros e gaúchos?...
Do castelo à choupana,
Tu contas uma linda ou difícil história
De um Grande Amor.
Vejas que o retrato está no álbum
Dos nossos pais o retrato, à parede!
Tão difíceis e nobres
Como Deus assim quer o teu e o nosso...
OBRÓIDE
Óvulo
Ovo
Voto
Modo
Mola
Lona
malus
Latus
Strictus
Sensu
Rogo
Golo
Lobo
Galo VIDA Bolo
Dolo
Lodo
Tolo
Lótus
Demus
Mudo
Doro
Rubro
Brotus
Natus
Tudo
Burlo
Turvo
Moro
Rotus
Novo
Rolo
Una
Uma
Onda
Dado
Amo
Domus
Olé
Ledo
Ouro
rolo
EM CRISTO TODOS UM
“Há mistérios
Que estão acima
De nossa vã sabedoria...”
Desde a criação
Politeístas
Monoteístas
Deus da evolução
Povos inteiros
Oriente e ocidente
Cantem a Deus
Povo de Israel - Abraão - Levi
Jacó (Israel)
Isaac e os profetas
José do Egito
Judá – Moisés - Josué
Juízes
David - Salomão
José, Descendente de Davi.
Dimas – João – eu – você – Jesus: centro da história – Tiago – Judas Tadeu
Filipe – André – Pedro todos meus amigos– Paulo – Bartolomeu
Maria – mãe de Jesus
Maria negra e de todas
As raças e lugares
Madalena- Santas mulheres
Todas as mulheres - Diaconisas
Mateus- Lucas -Marcos
Mártires de Belém , Roma, do mundo
Mártires de todas as guerras – dos campos nazistas
Santas virgens
Doutores e doutoras da Igreja
Gente da igreja e fora dela
Patrística - Papas santos e pecadores
Bispos – Sacerdotes – diáconos
Povo de Deus: porção do Reino de Deus
São Francisco de Assis e Santa Clara
São João da Cruz
Dom Bosco e as pastorais dos menores
Todas as religiões,
Todas as igrejas...
De boa vontade...
Teístas - Ateístas
Crísticos - acrísticos
gnósticos - agnósticos
Todos os homens e mulheres
Todas as mulheres e homens...
Todos os nossos filhos e filhas.
ALÉM DA DOR
Nossa vida tem mais trunfos.
Permita, senhor, que no labor.
Cresça a união e a paz juntos;
Tenhamos alegria e frescor!
Você: quero cada vez mais,
Como presente, muito mais.
Ritmo e sorriso, dor e siso:
A vida afora, está na hora...
Entre beijos e ternuras,
Nosso romance vivamos!
O futuro, nada temamos...
O tempo amadureça
Nosso inquieto coração,
Que tem sonho e razão!
AO FREI ORLANDO
Morada Nova tem mineiro franciscano!
A todos sorriam devido às suas piadas.
E o capelão ama pobre e o pequeno
Seu rosto rima com muitas risadas
Mostrou que o calor da amizade
Vale muito e enaltece o coração.
Viveu o evangelho na sinceridade:
A todos dava a palavra de irmão.
Aos soldados, na solidão, sua presença
agia solícito qual anjo da guarda.
Era riso a preencher do lar a ausência
Sua farda mortalha sagrada
Sua ternura sublime lembrança
De uma vida hóstia consagrada.
PAI-NOSSO
(Antônio Viera parafraseando Mateus 6, 9)
Padre Nosso: eu digo, para viver a fraternidade.
No céu estás, que habites na terra em paz.
Teu nome santo encha o mundo e a vida dos cristãos.
O teu reino venha se houver justiça aqui,
Faça-se tua vontade: como Maria, Jesus e os santos...
Partilharam a esperança e o pão de cada dia.
Mas o maior desafio é perdoar como ele nos perdoou!
Se assim não fizermos, o Pai não fará!
Para termos forças na tentação do poder, do prazer e da riqueza,
Que a corrupção não se instale em nosso coração:
Mas é Deus que nos dá o Espírito de Jesus
Para vencer o maligno e o mal
Já que temos a inclinação desde o pecado original.
À MULHER
Neste dia de sua data,
Ó mulher, quero lembrar:
Cada uma que nasceu neste solo
Cada mulher pobre
Cada mulher negra
Cada mulher branca
Cada mulher de todas:
As raças, as religiões, de todos os tempos
De todas as cores e humores...
Sei que todas, uma a uma...
É presente para Divinópolis
É maneira e força
Criatividade e coragem
Dor e alegria
Sentiram aqui
Em suas vidas.
Em suas idas e vindas
Teceram gestos e exemplos
Tomara, que Deus queira
Que nossa vida seja inteira
Que cada dia e cada mulher
Gere presente para vida melhor
DEUS E A POESIA
Depois de todos os seres,
A poesia é a mais versátil
Depois de mim e você,
Ela é a mais fecunda.
Ao homem, deleite e apluma;
Alenta a alma em bruma;
Conforta o coração na paixão
Atiça o corpo em sedução...
Transforma a ruína em sina
A letra se torna malha fina
Resgata sem medo o meio sagrado
Assume sem receio o veio do profano
É caixa de Pandora, surpresa
Afrodite esbanjando beleza...
E Prometeu o fogo em leveza...
Depois de todos os males,
Vem a dócil poesia
Consola com o vinho e trigo
Farta com mel e cinge a terapia...
Ela é manjar de cada dia
Ele constitui frescor e ardor
Suplemento e fresta de porões mil
Irriga a carne e o espírito entre poros sutis
Quando a dor amortece, ela surge com trepidação,
Quando emoção reclamar sua parte, é sede e ilusão,
Quando evade o além, ela insiste ser ainda real...
Quando enfoca o social, revela sublimação de energia,
Quando na solidão nos mergulha, é mão de ternura,
Quando denuncia, a alma se inquieta em utopia
Por isso, em todos os tempos e pessoas,
Homens do mundo e do monastério,
O ébrio e sóbrio
A poesia é compatibiza a treva com a aura da alma inquieta
Por isso, não importa se é clássica, se gótica, ou moderna,
Se é vanguarda, ou tradicional,
Se é surrealista ou meditativa.
Ela será sempre
Ária de quem canta sete vezes
De quem canta a vida e a sorte
De quem questiona o destino e morte
Depois de Deus, vem a poesia:
É esterco que fecunda as almas
É ônix que revela as trevas
É cristal que alumia minas!
É Fênix que renasce das cinzas...
À CIDADE DE DIVINÓPOLIS
Que cidade tem aurora mais linda?
Que povo comemora 97 de lida?
Que hino suave canta este rincão?
Que mensagem encera teu refrão?
És tu, ó Divinópolis, terra amada!
És 93 anos de Jóia lapidada!
Mas temos 234 anos de caminhada.
Teu Brasão é alma encantada
Negros, bandeirantes, mineiros
Filhos de agora e Candidés Índios,
Todos, homenagens mil renderam
em trabalho, indústrias e prédios;
Ó céus!, por esta terra, morreram!
OS VERSOS FALAM
Nos versos de arcanos passos,
O poeta finge coisas iniludíveis,
De luz e trevas como compassos
De momentos e atos volúveis...
Se a vida é tão tristonha?...
Invente-a com ousadia!
Se a dor for deveras tamanha?...
Ele a desnuda como alquimia!
Não há nada que o verso
Não queira ludificar, brindar, lidar...
A resposta está no mistério do poema!
Viver a vida ainda “vale a pena”,
A cada pessoa, diz Pessoa a vibrar,
“...Se a alma não é pequena....”
BIBLIOGRAFIA
ANDRADE, Carlos Drummond. Antologia poética. Record, 1999.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem e estrela da manhã. Nova Fronteira, 1995.
BESSA, Pedro Pires, Sebastião Bemfica Miligre, O poeta de Divinópolis. Belo Horizonte: Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 2003, 156 p.
ESPÍNDOLA, Húdson. Cicatrizes do cotidiano. Uberaba, Editora Vitória, 1991.
FARIA, Antônio Esteves de. Pequena História de um Grande Amor. Divinópolis: Novo Rumo, 2005. 130 p.
FUNREI, VERTENTES, São João del-Rei: UFSJ, tipografia Assunção, 1989, Série 1., 89 p. (ciclo de Estudos – poema de Modesto de Paiva).
JORNAL AGORA. Ao poeta Sebastião Bemfica. Editorial. 23 de set.2004., p. 02
LELOTTE, F. Convertidos do século XX. Rio de Janeiro, Agir, 1966.
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LUCAS, Fábio. Poesia e prosa no Brasil. Belo Horizonte, Interlivros, 1976.
MEIRELES, Cecília. Romanceiro da Inconfidência. Nova Fronteira, 1989.
PRADO, Adélia. Poesia reunida. Siciliano. 1991.
PICHIO, Luciana Stegagno. Os melhores poemas de Murilo Mendes. São Paulo: Global, 1997.
REIS, Mauro N. dos. A corda: poemas. São João del-Rei: Funrei-UFSJ, 1992.
SANTOS, Luciano José dos et al. Colcha de retalhos. Divinópolis: Gráfica Sidil, 2001.
SOBRINHO, Antônio Gaio. No jardim da ilusão: São João del-Rei. Esdeva Gráfica de Juiz de Fora, 1994.
VIEGAS, Celina Amélia de Rezende. Poemas. Zás Gráfica de Juiz de Fora. 1989.