PARA BASQUIAT
Eu vi a cidade em escombros
Eu vi o pássaro sem asa e voava em círculos
Eu vi a parede e a frase: "eu sou a alternativa a Deus"
E em pinceladas frenéticas e aleatórias,
eu pintei a vida e suas curvas perigosas
E a tela rabiscada, um rosto estranho eu pintei;
era eu traçado nas minhas imaginações
Um grito
Um grito oco e inaudível
Uma voz sufocada pelo tempo que me atropela
Desconstruo o harmônico
e dele revelo o caos
O caos nosso de cada dia
abençoado, tão abençoado, e desejado
Eu, somente eu, sou o caos
o caos rejeitado, o caos abominável
O caos pós-moderno e apocalíptico
A norma,
a reguladora norma,
eu a ignoro e a rejeito
Minha era derruba deuses e dogmas,
por isso, sou o ignaro
sou o afoice que e arranca os dogmas
Sou o incompreendido
Sou o rabisco arte urbana
Sou a voz calada dos esquecidos,
a calma e a tempestade,
a vela e o trovão
Sou você que me olha e se reconhece
E se não quer olhar para a Lua,
não poderá impedir que ela te olha
A rua,
a rua, meu atelie
A rua, a rua, minha casa
A rua, minha vida
A rua, o caos, a vida