A PEDRA E O POETA

Tanto faz para a pedra

Estar no meio da estrada

Ou no topo da colina.

Ela sofrerá,

Igualmente,

O assédio

Do vento,

Do sol

E da chuva.

Para o poeta descuidado, entretanto,

Uma pedra estar no meio da estrada

Pode ser um problema e tanto.

Turvo pela beleza

Da natureza em redor,

Nuvens, flores, pássaros,

Ele não verá a pedra

E perderá nela o tampo

Do dedão do pé...

Desde Drummond está provado

Que pedra não gosta de poeta:

Sempre que pode, bota um

Para lamber bota de sapo.

Ó poetas tantos,

Tontos de dá dó,

Desviai-vos

Das pedras,

Para que estas

Sucumbam no pó!