Um sentir sinestésico

Quando me tocas

com tua voz calada,

meu corpo fala,

de dentro brotas.

O tempo embargado

me reclama

e eu me retrato.

Com a noite, com o dia,

com as fases da lua

por expelir tamanha agonia

ao sentir a face tua.

Meu olfato dilatado

estremece ao teu sussurro

que chega desencontrado

me tateando no escuro.

O amargo da ausência tua

expulsa o doce paladar

restando-me a vida crua.

Já não sinto a brisa.

Já não vejo os raios.

Já não percebo o som.

Já não sinto teus beijos.

E em um minuto,

horizonte sem fim,

passaste por mim,

esmagando tudo.