[Eu, idem eu?! ]
[Mesmar-se... ou matar-se?]
A frio, eu sou um só — eu sei.
Mas eu me outro — eu sinto,
pois me surpreendo em estações
de vigias baixas, vulneráveis...
Ali, a minha identidade parece fluir...
sou uma ausência em fuga que te busca,
agora, sou um que anseia misturar-se;
esse outro de mim quer se perder em ti...
Desencaminhada, turva de tanto prazer,
a minha visão agora é abstrativa —
a cadeira, a mesa, os objetos
não mais estão na dimensão plausível
da habitualidade das coisas concretas...
Nesse mundo assim subvertido
as coisas boiam soltas, inconcretas —
eu bebo este paraíso que o outro
me faz beber — loucamente, eu bebo!
Eu, idem eu?! Eu quem, mesmo?!
Mesmar-se... é perder o rumo do prazer?!
E quem é o eu de mim que não para
nestas estações de vulnerabilidades?
Quer o quê, de mim este eu em guarda
que só me afasta de ti? O quê?! Morte...
Enquanto isso, a noite segue...
e eu penso outra vez [outra vez!]
que fora daquela boa mistura,
a vida é nada, a vida é merda seca!
Ah, aquelas estações de mim...
__________________
[Desterro, 30 de janeiro de 2013]