[Eu, idem eu?! ]

[Mesmar-se... ou matar-se?]

A frio, eu sou um só — eu sei.

Mas eu me outro — eu sinto,

pois me surpreendo em estações

de vigias baixas, vulneráveis...

Ali, a minha identidade parece fluir...

sou uma ausência em fuga que te busca,

agora, sou um que anseia misturar-se;

esse outro de mim quer se perder em ti...

Desencaminhada, turva de tanto prazer,

a minha visão agora é abstrativa —

a cadeira, a mesa, os objetos

não mais estão na dimensão plausível

da habitualidade das coisas concretas...

Nesse mundo assim subvertido

as coisas boiam soltas, inconcretas —

eu bebo este paraíso que o outro

me faz beber — loucamente, eu bebo!

Eu, idem eu?! Eu quem, mesmo?!

Mesmar-se... é perder o rumo do prazer?!

E quem é o eu de mim que não para

nestas estações de vulnerabilidades?

Quer o quê, de mim este eu em guarda

que só me afasta de ti? O quê?! Morte...

Enquanto isso, a noite segue...

e eu penso outra vez [outra vez!]

que fora daquela boa mistura,

a vida é nada, a vida é merda seca!

Ah, aquelas estações de mim...

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[Desterro, 30 de janeiro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 30/01/2013
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