Sonata que não existe
SONATA QUE NÃO EXISTE
Seria burlesco
A música vinda do fundo do nada. O fundo do fundo!
Que não se compreende não se ouve de verdade
No jardim plantas adormecidas. Música triste
Bocas mortas sopram palavras que nada dizem.
Guitarra corta o espaço como uma gilete voraz
Casa sem rosto. Sem rosto a casa não existe
É uma travessia um beco sem saída...
Ida para lugar nenhum, e o nada persiste
Gaveta que abrigam fotos antigas
Um universo coberto de mofo, cobre o que resta
Veda as palavras; a boca articula sílabas cortadas
Envelhecida pelo tempo, as frases desperta.
Serei eu um simples burlesco?
Cálidas mulheres são burlescas também;
As horas que se perdem no tempo que deixa de ser
Numa paisagem do nada do tempo que tem!