Sonata que não existe

SONATA QUE NÃO EXISTE

Seria burlesco

A música vinda do fundo do nada. O fundo do fundo!

Que não se compreende não se ouve de verdade

No jardim plantas adormecidas. Música triste

Bocas mortas sopram palavras que nada dizem.

Guitarra corta o espaço como uma gilete voraz

Casa sem rosto. Sem rosto a casa não existe

É uma travessia um beco sem saída...

Ida para lugar nenhum, e o nada persiste

Gaveta que abrigam fotos antigas

Um universo coberto de mofo, cobre o que resta

Veda as palavras; a boca articula sílabas cortadas

Envelhecida pelo tempo, as frases desperta.

Serei eu um simples burlesco?

Cálidas mulheres são burlescas também;

As horas que se perdem no tempo que deixa de ser

Numa paisagem do nada do tempo que tem!

Lício Guimarães
Enviado por Lício Guimarães em 28/01/2013
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