A POEMA DO MEU AMIGO FACURI
Na manhã de 28 de janeiro de 2013
Interação ao poema EU e VOCÊ, do nosso e meu caro amigo, poeta FACURI
Sombra de mim tenho sido
que mais não resta, senão isso.
Pago o preço fundo
dos que compreenderam e acolheram
no próprio peito
múltiplas dores dos seres
do mundo.
Sou uma caixa onde se guardam as coisas
que não têm mais uso
ao mesmo tempo sou o grito
dos que se perderam de si mesmos
a planta que precisa d'água
no canto da sala
o animal de estimação
que espera o dia inteiro
o dono chegar do trabalho.
Assim sou, ser de lealdades
que eu pretendia fossem úteis
e que quase sempre me parece
não terem servido para nada
ou pior
terem servido para tornar tudo pior ainda.
Sou o ser que queria
que a própria vida
tivesse vindo
para servir a alguma coisa
a alguma causa.
O ser que sonhou ter vindo
para não fazer sofrer
nada
nem causa
nem coisa
nem bicho
nem planta
nem pessoa
nem a si-mesma, mas,
nada disso, poeta(?) Zuleika.
Nada
embora não saibas nadar.
Nada, Zuleika poeta, na tua poesia,
no caleidoscópio do mundo.
Nada.
Sobrevive nas ondas da maré-alta
tu, que não sabes nadar.
Nota-escrita que não pertence ao poema: Agora, com a morte da mãe do nosso (meu e de minha mãe) anjo da guarda encarnado, a minha amiga-irmã Francieli, não posso, queridos amigos, nem pensar-me frágil e muito menos inútil, como o que escrevi nesse poema-interação. Preciso por toda a força que tenha, para colocá-la a serviço dessa amiga-irmã que adorava e adora a própria mãe e que não está encontrando, no momento, razão clara para continuar a viver. Que eu tenha toda a força que consiga, para colocar a seu serviço, amém.
Nota explicativa. Aqui, na minha página, o poema apresenta algumas pequenas alterações, incluindo a nota acima, que não faz parte do poema.