Onde os pombos dormem
Ouço a chuva debruçar no lago claro
e no tremular das águas brancas
encrespadas de pingos,
as nuvens arrulham o canto noturno
e como um relincho,
jogam lascas de fogo
no corpo imóvel da noite.
E já é outono,
encorpado de estrelas e luares.
E teu coração cheio de música,
em árvore oca guarda nossos segredos,
junto a pétalas que se abrem e se colorem
e também guardam a leveza do crepúsculo.
Então dormiremos feitos moluscos,
pois os pombos já se calaram
e o vento dorme em seu invólucro.
E o tempo continua remando a noite
em direção a seu secreto itineráriio.