MEUS QUERERES
Quero tantas coisas todos os dias, mas
Os meus quereres de hoje são simples
É fácil demais para um mundo de nada.
Quero não receber ligações
Não me assustar com a plasticidade do mundo
Que a vida fosse mais cubista que surrealista
Poder acreditar
Poder escrever sempre
Poder fechar os olhos quando o cansaço bater na porta de mim
Gritar quando sentir um forte espasmo em relação ao ser humano
Sorrir ao sol do dia que se inicia
Calar quando a dor for forte
Beber um Whisky por mais barato que seja
Chorar até me acabar
Não acreditar no que os ouvidos sentem
Sentir bem mais do que ver
Segurar o meu coração com as mãos quando ele quiser sair
e dolorosamente sangrar por dentro e por fora
Entender as tragédias como dádivas
Poder dar bolacha ao filho que grita de fome
Ter força de enfrentar a vida e seus sortilégios
Meus quereres de hoje me deixam mais enfraquecidos dos desejos que sinto
Quando penso que o ceu está limpo
Uma onde me arrasta vinda de todos os lados da mime da vida
É como se uma palavrão saísse da boca de meu filho de um ano
Por isso quero
Por isso peço
Por isso desejo tanto
de mim, do outro e da vida