Não Sou
“Ainda que eu falasse a língua dos homens,
Que eu falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria”
E o que dizes que sou?
Um pano? Um véu? Um quadro preso ao pincel?
Ou um grito, na rua amarga do destino?
A ajuda que dá não me ajuda em nada, sou a sina da estrada
Sou o banco da praça, no qual descarna todas as noites
As línguas fora de mim... No gemido frio do sino
Sou homem sou menino
Sou tudo aquilo que pediste que fosse, ainda que fugido das obrigações que me impôs.
O que dizes que sou?
O que dizes que sou?
A fumaça que o vento soprou, o couro que o lobo rasgou?
Sou assim, amargo ferido, esquecido no vento
E ainda que permaneça subordinado a você
Resisto à marca do tempo
O que dizes que sou?! Sou maior do que presuma que eu seja
Sou melhor que a vontade de me dá às vezes em horror
Mediante os seus erros
De ser a arma armada pra matar e acabar de vez com isso que chamamos de amor!
Importa quem eu sou?
Deixe-me beber minhas próprias lágrimas
Deitar-me no frio chão da saudade
Lamentar o resto de sinceridade
Que a vida a mim reservou.
- Guta Villar & Beth Azevedo - (Luíz Gustavo e Willemberg Freitas)