DESASTRE
Somos todos iguais nesta noite
e nos encharcamos com o açoite
desta impunidade que nos cerca,
arrebata, invade e destrói:
destrói nossos muros, pontes e cercas.
Noite sem lua, estrelas ou fim,
somos escravos de teu querer,
obedecemos compulsoriamente, ao teu não e sim
e nada irá te deter de nos tirar
pulmão, costela e rim.
Ficamos vivos, mas agonizantes
com esta noite cheia de breu,
não sei ond eé terra, mar ou céu
e a vida toda se entrega
ao caos desta noite negra.
Estamos mortos, quase vivos
e no corpo mora o gene do perigo
que nos acostumamos a ver.
Perigo-fato-impunidade:
mistura fatal, sem piedade;
não vivemos, mas queremos viver.
Parecidos, semelhantes, iguais!
Sim, somos todos iguais:
peixes, conchas, areia, sais,
homens, gaivotas, praia e mar.
Somos todos iguais nesta noite
e o amanhecer, não olho.
Somos todos iguais
nesta noite,
noite triste e suja
de óleo.
Redação do Vestibular Unisanta, em 19 de Janeiro de 1992