DIETA

Comemos, dia após dia

o pão da ilusão

que nos estufa a barriga

mas alimenta o coração.

Tomamos dele,

fresco ou amanhecido,

macio ou empedrado.

Por estarmos famintos,

não temos alternativa:

ou matamos a alma

ou a mantemos viva.

Deus! Haverá solução

do que ter que, cotidianamente,

comer deste pão?

Ora seco, ora úmido

(encharcado)

com as lágrimas

que molham o pão

o chão

o coração.

Que realidade cruel!

Tempestade no céu,

terremoto na alma.

Fogem a paz,

o conforto, a calma.

E a nós, só resta aceitar

este regime pagão

- regime de pão -

ou mataríamos

a alma

de total inanição.

Santos, 12 de Junho de 1992

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 27/01/2013
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