DIETA
Comemos, dia após dia
o pão da ilusão
que nos estufa a barriga
mas alimenta o coração.
Tomamos dele,
fresco ou amanhecido,
macio ou empedrado.
Por estarmos famintos,
não temos alternativa:
ou matamos a alma
ou a mantemos viva.
Deus! Haverá solução
do que ter que, cotidianamente,
comer deste pão?
Ora seco, ora úmido
(encharcado)
com as lágrimas
que molham o pão
o chão
o coração.
Que realidade cruel!
Tempestade no céu,
terremoto na alma.
Fogem a paz,
o conforto, a calma.
E a nós, só resta aceitar
este regime pagão
- regime de pão -
ou mataríamos
a alma
de total inanição.
Santos, 12 de Junho de 1992