TRÊS TEMPOS
I
Beijo a louça
do teu rosto,
alcanço a moça
do meu gosto
e me perco
neste instante
neste teu cerco
delirante.
Sinto teu corpo
toco tua alma,
vivo absorto
em paz e em calma.
II
Beijo o escarlate
da tua boca,
vivo um embate
- guerra tão louca -
tanto domino
que sou dominado
pelo fascínio
de estar ao teu lado.
Sinto tua alma
toco teu corpo,
nada me acalma,
estou vivo e morto.
III
Beijo a saudade
da tua ausência
alcanço a verdade
da minha existência
e fico confuso
nestes instantes,
perco meus fusos
do depois, do antes.
Toco meu corpo,
sinto tua alma,
distante do meu porto
e vivendo absorto
num grande trauma.
Santos, 18 de Maio de 1992