TRÊS TEMPOS

I

Beijo a louça

do teu rosto,

alcanço a moça

do meu gosto

e me perco

neste instante

neste teu cerco

delirante.

Sinto teu corpo

toco tua alma,

vivo absorto

em paz e em calma.

II

Beijo o escarlate

da tua boca,

vivo um embate

- guerra tão louca -

tanto domino

que sou dominado

pelo fascínio

de estar ao teu lado.

Sinto tua alma

toco teu corpo,

nada me acalma,

estou vivo e morto.

III

Beijo a saudade

da tua ausência

alcanço a verdade

da minha existência

e fico confuso

nestes instantes,

perco meus fusos

do depois, do antes.

Toco meu corpo,

sinto tua alma,

distante do meu porto

e vivendo absorto

num grande trauma.

Santos, 18 de Maio de 1992

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 27/01/2013
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