SONHO

As mãos tateiam o ar

e os pés parecem flutuar

no olho de um furacão.

Não há diferença no paladar

ante o doce e o de amargar;

tão somente há a escuridão.

E a vida ganha cores

vãs paixões, grandes amores

no preto-e-branco do pensar.

Me realizo em mil fatores

torno-me jardim, tenho flores,

sou pássaro livre a voar.

Não conheço nenhuma fronteira

nem limite, nem barreira

- pra ser sincero, não as respeito -

sou livre que qualquer maneira

faço um sábado da segunda-feira,

abraço a vida abrindo meu peito.

E tudo se torna em vida

quando penso em ti, querida,

quando vives em meu sonhar.

Torno-me forte, o rosto não se empalida

torna-te inteira, não dividida

e tua ausência é só questão de acordar.

Santos, 1° de Junho de 1992

Marcelo Lopes
Enviado por Marcelo Lopes em 27/01/2013
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