SONHO
As mãos tateiam o ar
e os pés parecem flutuar
no olho de um furacão.
Não há diferença no paladar
ante o doce e o de amargar;
tão somente há a escuridão.
E a vida ganha cores
vãs paixões, grandes amores
no preto-e-branco do pensar.
Me realizo em mil fatores
torno-me jardim, tenho flores,
sou pássaro livre a voar.
Não conheço nenhuma fronteira
nem limite, nem barreira
- pra ser sincero, não as respeito -
sou livre que qualquer maneira
faço um sábado da segunda-feira,
abraço a vida abrindo meu peito.
E tudo se torna em vida
quando penso em ti, querida,
quando vives em meu sonhar.
Torno-me forte, o rosto não se empalida
torna-te inteira, não dividida
e tua ausência é só questão de acordar.
Santos, 1° de Junho de 1992