O criar

O começo é sempre mais doloroso.

A ideia não vem.

As palavras certas não surgem.

Mas o sentimento está ali, ardendo no peito.

Ardendo e gritando como o fogo e o silêncio

Que tanto incomodam.

Mas no primeiro toque nas teclas

Da velha máquina,

No primeiro rabisco feito a caneta,

Tudo desaba.

E com a força da água da imaginação

Minha mão não mais responde por si.

Meus sentimentos e pensamentos

Esparramam-se em qualquer papel,

Em qualquer guardanapo.

Manchando, com a tinta que sai dos meus pulsos,

Todo o calor que me sustenta,

Todo medo que me abriga e

Toda paixão que me possui.

Torno-me apenas um intermédio.

Apenas um meio de locomoção

Do meu sentir para o seu saber,

Do meu crer para o seu viver,

Do minha dor para o seu prazer,

Do que há em mim para o que haverá em você.

Luís Lobato
Enviado por Luís Lobato em 27/01/2013
Código do texto: T4107314
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