Depois da cama

I

Sempre pede pra relevar

e estando eu triste, está ele rindo

mas me custa tanta lágrima “deixar pra lá”

que as que se prendem aos olhos e caem, caso eu piscar,

essas todas já estão a par

do que sinto

II

Será que esse é o princípio:

manter o ruim só porque o bom já foi ao precipício?

Será o fim todo o início

pra um coração

feito de vícios?

III

A gente mais ri pra não chorar do que chora de rir

mas eu não queria assim,

eu não queria...

Como eu esperava tanto você chegar...

Agora nem sei mais o que esperar

esperar-se mais o que, ainda?

IV

Depois da cama

quem levanta é o mesmo que se veste

com qualquer camisa, preta ou bege

fica olhando o outro deitado

sob o lençol enrolado

esperando que não veja

o futuro desamor que o rege

Depois quer fugir pra rua

só pra não ver o fim do que continua,

mas eu já saquei qual é a tua,

Já não importa o quanto negue

V

E é assim que a vida segue

esse é o hospício de quem sabe

que no peito, hoje já não cabe

toda insuficiência do amor que recebe.

SkyFolks
Enviado por SkyFolks em 26/01/2013
Código do texto: T4106790
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