Depois da cama
I
Sempre pede pra relevar
e estando eu triste, está ele rindo
mas me custa tanta lágrima “deixar pra lá”
que as que se prendem aos olhos e caem, caso eu piscar,
essas todas já estão a par
do que sinto
II
Será que esse é o princípio:
manter o ruim só porque o bom já foi ao precipício?
Será o fim todo o início
pra um coração
feito de vícios?
III
A gente mais ri pra não chorar do que chora de rir
mas eu não queria assim,
eu não queria...
Como eu esperava tanto você chegar...
Agora nem sei mais o que esperar
esperar-se mais o que, ainda?
IV
Depois da cama
quem levanta é o mesmo que se veste
com qualquer camisa, preta ou bege
fica olhando o outro deitado
sob o lençol enrolado
esperando que não veja
o futuro desamor que o rege
Depois quer fugir pra rua
só pra não ver o fim do que continua,
mas eu já saquei qual é a tua,
Já não importa o quanto negue
V
E é assim que a vida segue
esse é o hospício de quem sabe
que no peito, hoje já não cabe
toda insuficiência do amor que recebe.