REMÉDIO DE MIM
quero estar louco
o mundo me tem hoje planejado
com objetivos, justificado e com método nas ações
mas mesmo assim me sinto menor
me sinto besta
me sinto menos.
A loucura é fundante do brilho no mundo.
Bispo, me salve
me conceda sua lógica
vanguardista e tupiniquim
me conceda sua lógica para me salvar do mundo e de mim que estou certo e ando correto com os outros: preciso de outra órbita de outra lógica
não sou concreto,
sou eu.
Preciso ser assim
e ao ser mastigo
Rumino
degluto as poeiras do ar
da minha vida pequena e insignificante para o andamento do que é e e está no mundo
talvez seja uma voz no Saara de mim
e do existir
porém, juro não consigo
não ser eu.
A culpa é dos olhos
que não conseguem olhar o que é.
E sempre buscam o outro lado do lado de algo que não sei bem o que é.
Que gostam de desvendar veus
Encontrar segredos debaixo de pedras a séculos paradas.
Que querem descobrir enigmas.
Quero andar assim, distraído do mundo e de mim;
sim quero a loucura
Loucos do mundo cortem minha orelha.
A lucidez me embarga a voz
me atrapalha ser
não em deixa ser nem escrever.
Quero antes cartas de suicidas
ao mar calmo do homem que torce o parafuso
Prefiro caminhar só
Bebendo o remédio de mim.