[É Permitido Sonhar-me - Variante 1]

É possível escolher um sonho.

Enquanto eu não me desfaço

numa mescla de luz e sombra

na mente de quem me sonha,

eu existo aí, e só aí, nesta estreita fenda

do espaço-tempo que nos une.

E declaro: sou um ser de agonia,

mas é permitido sonhar-me

[para o bem ou para o mal de quem

não consegue evitar sonhar-me].

A quietude de agora é só um lapso enganoso.

Em breve, o meu rosto há de se desfazer

como se estivera refletido num espelho de água

ou como se fora uma miragem numa planície de sal...

"O meu tempo é quando" —

é só a agonia do esvaecente quando!

Luz, sombras, palavras...

e na distância que se impõe,

a fantasia da realidade se dissipa

na névoa da chuva insistente...

Consola-me o barulho macio

dos pneus no asfalto molhado.

Não preciso de rumo, preciso só de ir...

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[Desterro, 25 de janeiro de 2013]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 26/01/2013
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