O bondinho do Pão de Açúcar, no Rio de Janeiro, completou 100 anos em outubro de 2012.


 


NÃO SE FALA DESTE LUGAR...


Não se fala deste lugar,
Sente-se.
Sinto-o.
Diluo-me neste silêncio,
Dissolvo-me nele
E no instante de eternidade
Que me abraça
Sempre que meus olhos se estendem
Pela imensidão destas águas,
Deste céu,
Desta névoa,
Desta poesia,
Deste etéreo encontro com a beleza
Que o olhar vê e o coração sente.
Deste encontro do verde
Com as pedras,
Se estendendo pela imensidão,
E, de repente, esbarra no azul do céu...

Uma pintura aqui tão perto...
Fecho os olhos, estendo a mão,
E sinto que posso tocá-la.
Bela como uma sinfonia.
Bela como o silêncio
Que canta e ensina
A quem deseja enxergar
De olhos fechados.


Um portal
Para além de todos os tempos
Passados e futuros.
Pretérito mais que perfeito.
Derrube de todas as pontes e muros.
Casa acolhedora.

Refúgio.
Veludo verde azulado,
Que acaricia as minhas feridas
E afaga os sentidos.
 
Aqui eu digo aos meus pés
Que caminhar é preciso,
E o caminho me espera.
Aqui eu mostro às minhas asas
Que voar é possível,
O horizonte estará sempre lá,
Ainda que a névoa me umedeça
A carne e os ossos

Com seu gelado murmúrio.
 
Não se fala deste lugar.
Sente-se apenas
Que aqui o
tempo para
Na água doce e salgada.
Na enseada
De todos os meus sentidos.
Aqui deixo o sal de todas as lágrimas
E levo um sorriso de paz dentro de mim.

Daqui eu não quero sair,
E do passado não quero regressar,
Só a ti...

Ana Flor do Lácio
Ana Flor do Lácio
Enviado por Ana Flor do Lácio em 25/01/2013
Reeditado em 25/01/2013
Código do texto: T4104088
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